ESCOLA E COMUNIDADE: Reflexões Sobre a Minha Trajetória como Educadora no Território Quilombola do Médio Itacuruçá, Abaetetuba-PA
ESCOLA E COMUNIDADE: Educadora, Território Quilombola, Abaetetuba-PA.
Falar de minha prática enquanto professora atuante em Comunidades Quilombolas é um grande desafio, pois no passado tive uma vida muito difícil com meus pais, naturais de Abaetetuba, estado do Pará, os quais, na condição de ribeirinhos da Comunidade Ipanema, não tinham condições financeira de manter uma vida digna. Meu pai, filho de mãe solteira e tendo dois irmãos para sustentar, não teve muita alternativa, a não ser migrar para a capital paraense, para poder trabalhar e assim manter a família herdada de sua mãe que faleceu muito jovem. Uma vez em Belém, meu pai conheceu minha mãe e se casaram, formando uma família, composta por três filhos (me incluindo). Com muita luta e determinação, meu pai trabalhou duro para que os filhos estudassem, já que ele mesmo não teve oportunidade para isso. Com muito esforço e dedicação, segui os conselhos do meu genitor e estudei, me formando em Magistério, na esperança de que essa nova situação fosse favorável para minha vida e de minha família, que formei com meu esposo e dois filhos. Com a formação em Magistério voltei para Abaetetuba, para a comunidade de origem dos meus pais, onde pude desempenhar o papel de professora de uma comunidade quilombola Médio Itacuruçá, na Escola Municipal Educação Infantil e Ensino Fundamental Professor Manoel Pedro Ferreira. Nessa instituição foi onde comecei a trabalhar com o ensino fundamental multisseriado pela manhã, e pela parte da tarde com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). A realidade do trabalho pedagógico era muito difícil, pois havia pelo menos uns 80 alunos entre o projeto e a sala de aula, sendo que o trabalho se dividia em reforço escolar e atividade de educação Física. Havia tantos alunos que o trabalho era realizado no barracão da comunidade, assim, os professores e professoras se esforçavam para poder atingir os objetivos pedagógicos que haviam se proposto a realizar. Buscamos, a partir da minha história de vida e da minha carreira docente, revelar a realidade das escolas rurais e das escolas quilombolas, e então propor alternativas para a evolução da educação quilombola no território do Médio Itacuruçá.