Espaços da morte na vida vivida e suas sociabilidades no Cemitério Santa Izabel em Belém-PA: Etnografia urbana e das emoções numa cidade cemiterial
CEMITÉRIO SANTA IZABEL; BELÉM; RITOS; MORTE; EMOÇÕES; CIDADE
A morte permeia diversos campos da experiência humana em termos físicos e imaginários, portanto, individuais, coletivos e sociais. Tal construção circunda os sujeitos, suas relações e marcadores sociais, bem como a posição social em que determinados indivíduos ocupam, neste caso, dispostos no que chamo de cidade cemiterial. Sendo assim, esta dissertação tem o intuito de identificar como as emoções e vivências, vividas e relatadas, em sua maioria, pelos trabalhadores e transeuntes desta cidade cemiterial, dão corpo, impactam e influenciam o seu cotidiano, trabalhando com e para a morte. Através das perspectivas produzidas junto aos trabalhadores, transeuntes e usuários do campo santo, por meio de uma etnografia no contexto cemiterial urbano, ancorada nas três dimensões antropológicas que me interessam mais diretamente - das Emoções, Urbana e da Morte -, percorri as ruas das cidades dos vivos e dos mortos considerando sua mais ampla sensorialidade (evocada pelo sensível, o imaginário e os ritos), sob escuta e observação participante na rotina das datas coletivas de forte reverberação simbólica do/no Cemitério Santa Izabel. Através das andanças pelas ruas cemiteriais percebi que os que circulam dentro da necrópole experienciam a morte numa experiência conjunta à vida em perspectiva de interação com a morte. Nos sepultamentos, nas datas simbólico-coletivas, e em demais momentos referidos nesta pesquisa, notei a ambiência do lugar que a cidade dos mortos ocupa na cidade dos vivos, e vice-versa. Diante disso, a pesquisa em questão, através da etnografia voltada ao sensível no contexto cemiterial, abre espaço para as reflexões que consideram o olhar dos sujeitos que manejam a morte e a compreendem como um lugar em sua vida seja no trabalho ou fora dele, e dimensionam, portanto, as fronteiras que tocam o dia a dia da necrópole, que os alcançam para além das delimitações da cidade cemiterial amazônica.