A DIMENSÃO DE GÊNERO NO DESENVOLVIMENTO SOCIOAMBIENTAL: ESTUDO SOBRE ORGANIZAÇÃO DE MULHERES EM UMA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA NO PARÁ
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Analisa-se a experiência da Rede de Mulheres Caeteuaras, uma organização coletiva que busca melhores condições de trabalho e de renda para mulheres processadoras de caranguejos, nas vilas de Treme, Caratateua e Rio Grande, inseridas em uma Reserva Extrativista Marinha no município de Bragança, nordeste do Estado do Pará. O referencial teórico inclui análises feministas sobre trabalho e gênero e o debate sobre desenvolvimento socioambiental. Inclui contribuições de estudos sobre decolonialidade, que examinam saberes e práticas não capitalistas, de populações como os povos tradicionais na Amazônia por exemplo, que resistiram aos processos históricos de colonização. O referencial considera, também, estudos críticos sobre promoção da autonomia de mulheres de baixa renda em países periféricos, via projetos de geração de renda. Assim, o estudo parte da hipótese de que a equidade de gênero é uma dimensão imprescindivel do desenvolvimento socioambiental. Equidade de gênero significa caminhar rumo à paridade de participação na vida social pelas mulheres. Não importa apenas terem uma renda no mercado através de um trabalho associativo, mas também se esse trabalho é capaz de propiciar acesso à proteção social e à emancipação. Ou seja, há avanços na proteção contra os riscos do mercado, pelo conhecimento e pelo acesso aos instrumentos de previdência social oficial? Elas possuem, ou criam, redes locais para apoio e proteção em situações de necessidade? A emancipação diz respeito à progressiva superação de opressões ligadas às relações de gênero e de classe social. E, no caso deste estudo, alcançar avanços na conservação ambiental. Em suma, como elas conciliam produção, reprodução e construção do coletivo na Rede? Então, a segunda hipótese é a de que elas participam no mercado sem diminuir, ou até aumentando as dificuldades de ser mulher trabalhadora naquele contexto. A metodologia envolve entrevistas semi-diretivas e observação sobre a cadeia produtiva do extrativismo de caranguejos, base da economia local. As mulheres processadoras têm suas tarefas sobrepostas e nenhum controle sobre o produto do trabalho, pois dependem dos intermediários que fornecem e escoam a matéria-prima. Através da Rede, procuram melhor posição na cadeia produtiva e a consciência de seu status de trabalhadoras extrativistas.