O CÍRIO DE NAZARÉ DE BELÉM-PA COMO FRESTA PARA A RELIGIOSIDADE PARAENSE.
CÍRIO DE NAZARÉ; RELIGIOSIDADE; CARNAVAL DEVOTO; SAGRADO E PROFANO.
Esta tese parte da ideia que o Círio de Nazaré de Belém-PA é um ritual que tem
representatividade regional e por isso através dele é possível ter acesso ao ethos
religioso paraense. A pesquisa foi realizada através da observação participante e
pesquisa bibliográfica. A etnografia foi feita com base em dois importantes eixos de
discussão interconectados, são eles, Círio como Carnaval Devoto e Círio como uma
Festa Sagrada e Profana. A expressão Carnaval Devoto foi criada por Dalcídio
Jurandir (2004) ao definir o Círio de Nazaré em um de seus romances, este termo
sintetiza ao menos duas de suas principais características, a religiosidade através da
devoção à Santa e a festividade com que se realiza. Isidoro Alves (1980) identifica o
Carnaval com o Profano e o Devoto com o Sagrado, e estes são parâmetros usados
para esta classificação usual dos eventos do Círio. A partir da análise do espetáculo
O Auto do Círio, da Festa da Chiquita, das homenagens dos estivadores e dos
promesseiros da Corda, entre outros, compreendemos que “a parte profana” da Festa
do Círio, considerando a teoria de Émile Durkheim (1989), é formada por eventos e
práticas Sagradas. Concluímos que a festividade é elemento constitutivo da
religiosidade que se expressa de forma carnavalizada, e que essa população possui
uma religiosidade profanizadora (AGAMBEN, 2007).