PAIXÃO E POLÍTICA: Movimentos Antifascistas dos Torcedores de Remo e Paysandu
Futebol, torcedores, movimentos antifascistas, paixão, política.
Este trabalho apresenta um estudo sobre o papel do torcedor no ambiente do futebol e suas relações com a política. O futebol é o esporte mais admirado do mundo e mobiliza uma gigantesca multidão de admiradoras e admiradores que, por meio dele, pode canalizar o que Norbert Elias denomina de excitação. Porém, além disso, as torcidas de futebol podem organizar-se também de modo a defender pautas políticas – fenômeno que começa a se fortalecer no Brasil a partir dos anos de 1980. Nessa pesquisa, buscamos analisar como essa junção entre paixão e política tem se efetivado entre as torcidas antifascistas dos clubes Paysandu e Remo, situados em Belém do Pará. Metodologicamente, a pesquisa se realiza de maneira majoritariamente qualitativa, por meio de análises pautadas em redes sociais e entrevistas com lideranças e membros dos dois movimentos. Para a compreensão desse fenômeno, são mobilizados repertórios da teoria social tanto relativos aos movimentos sociais como ao esporte, e mais especificamente, ao futebol. Os resultados sugerem que as torcidas antifascistas aparecem como possibilidades de mobilização política, equacionando a tensão entre paixão e política em torno de pautas como a luta contra o machismo, o fascismo, a lgbtfobia, o autoritarismo, entre outras. Nisso, é possível observar alguns aspectos relativos às transformações pelas quais as torcidas de futebol foram passando ao longo do tempo em consonância com transformações ocorridas no âmbito dos movimentos sociais.