O papel da mulher Quilombola na organização sóciopolítico da comunidade São Sebastião, no território de Jambuaçu (Moju-Pará)
Quilombo; Jambuaçu; organização política das mulheres.
A luta pela terra na Amazônia ao longo do tempo, tem revelado a face do capital e suas
estratégias de apropriação, dominação e expropriação, e com isto, as comunidades
quilombolas tem demarcado (Ré)existência frente aos grandes projetos que ameaçam
seus territórios. O Território quilombola de Jambuaçu, localizado no município de
Moju/ Pará, vêm sofrendo com as investidas do capital desde o final da década de 1970
com a chegada da empresa Reflorestamento Amazônia Sociedade Anônima REASA,
que buscava se apropriar das terras para expandir o plantio de dendê, usando da força
para coagir aqueles que se recusavam a vender suas terras, as ações truculentas
resultaram em assassinatos de lideranças. Diante desse cenário de extrema violência, a
população de Jambuaçu se organizou para expulsar a empresa Reasa de seu território.
Os impactos das instalações dos projetos do agronegócio, assim como da mineração
ameaçam o modo de vida, suas culturas, o bem viver das comunidades. As marcas de
violência, resultaram em uma organização política mais forte dentro das comunidades,
onde mesmo que cada uma apresente características diferentes, permanecem
construindo ferramentas de lutas que busquem fortalecer a defesa de seu território. As
mulheres Quilombolas de jambuaçu, protagonizam a luta frente aos grandes projetos
agro mineral que invadem seus territórios e ameaçam o bem viver. As mulheres estão na
agricultura, produzindo mudas, plantando arvores frutíferas, colhendo frutos, legumes,
mandioca para a produção de farinha, produzindo pimenta do reino, ervas medicinais
para o tratamento de enfermidades. As mulheres estão nas associações, seja como
presidenta, secretaria, tesoureira, isto é, estão assumindo os espaços de decisões dentro
de suas comunidades, assim como em organizações maiores como a BAMBAE que
representam legalmente as comunidades Quilombolas de Jambuaçu. Além das
associações fora das comunidades, como por exemplo a Associação de Discentes
Quilombolas (Adq) que busca acolher, e lutar pela garantia políticas públicas para os
estudantes quilombolas dentro da universidade federal do Pará (UFPA).