CIDADÃOS DO CÉU, E QUILOMBOLAS NA TERRA:UM ESTUDO SOBRE ARTICULAÇÕES ENTRE CRENÇAS PENTECOSTAIS E ASPECTOS DA TERRITORIALIZAÇÃO DE UM QUILOMBO AMAZÔNICO
Quilombo. Territorialização. Crenças religiosas. Assembleia de Deus.Amazônia Paraense..
Este texto é resultado de uma pesquisa que agregou revisões bibliográficas, pesquisas etnográficas e reavaliações teóricas que sintetizaram parte dos resultados de uma pesquisa de campo realizada na comunidade quilombola São Pedro, em Castanhal, Pará, nos meses de março de 2020 a fevereiro de 2021. O objetivo é descrever conexões existentes entre crenças pentecostais e a territorialização do Quilombo São Pedro. Para tanto, foram realizadas pesquisa censitária, observação participante e realização de entrevistas. Os dados gerados em campo foram analisados sob uma perspectiva epistemológica descolonial e que, por isso, formam um leito reflexivo de modo que teorias e autores favoreçam um trabalho crítico ao sistema-mundo
capitalista, moderno e colonial. Os resultados da investigação apontam que Assembleia de Deus naturalizou o racismo e os problemas sociais da comunidade (expressões do genocídio do negro brasileiro e da necropolítica do Estado) os interpretando como sinais necessários da volta de Jesus. Um elemento fundamental da resposta imaginária da igreja à situação escatológica que supõe existir é a identidade de “cidadãos do céu” que, na prática, consiste em viver de acordo com os princípios do pentecostalismo assembleiano, uma religião sincrética, mas, ao mesmo tempo, afeita ao espírito do capitalismo e ao racismo à brasileira e suas “máscaras
brancas”. Por ora, a AD em São Pedro contribui com a situação de autofagia cultural e política que ao mesmo tempo enfraquece as fronteiras étnicas da comunidade e reforça a necropolítica que a vitima.