A fabricalização do trabalho docente nas Instituições de Ensino Superior Privadas
Instituições de Ensino Superior Privadas. Gestão do trabalho. Trabalho docente. Fabricalização.
Desde a década de 1990 a educação superior no Brasil vem passando por mudanças político-administrativas que estabeleceram um novo marco regulatório a constituição de Instituições de ensino superior (IES) privadas com fins lucrativos, assim como o impulso por meio de fundo público para a expansão e domínio privado na oferta de serviços educacionais, cujas repercussões são identificadas com a adoção pelas IES privadas de técnicas e métodos empresariais norteados por ideologias de cunho empreendedor e gerencial, os quais priorizam a massificação, padronização, redução de custos e utilitarismo estritamente mercadológico da gestão do trabalho à prestação dos serviços. Em vista disso, adotou-se como objetivo de pesquisa: analisar a educação superior no Brasil destacando o momento de abertura para a iniciativa privada e as consequências para o trabalhador docente. Dessa forma foram considerados os seguintes objetivos específicos: discutir sobre a ofensiva do capital no âmbito da esfera estatal na condução das políticas educacionais; identificar e analisar quais os discursos e valores empresariais dos gestores do trabalho transmitidos pelas IES privadas aos docentes; destacar e analisar quais os métodos e técnicas produtivos usados pelas IES privadas no processo de dominação dos trabalhadores docentes e; examinar o processo de trabalho e suas repercussões nos trabalhadores docentes. Como hipótese defende-se o tipo fabricalização como expressão que remete à dominação do capital, circunscritas no movimento histórico das reformas estruturais do Estado neoliberal em matéria de trabalho, educação e ideologia produtivista e na adoção e adaptação pelas IES privadas de métodos e técnicas provenientes das experiências fabris e do sobretrabalho não-remunerado. Trata-se de pesquisa quanti-qualitativa nas IES privadas da capital paraense, com observação de campo de gestores educacionais de médio e alto escalão, realização de entrevistas e questionários (estatística descritiva) aos trabalhadores docentes e consulta a fontes documentais. Os resultados mostraram o aumento na intensidade e exigências profissionais das IES aos docentes: 1) disciplina com prazos e uso de indicadores de desempenho pelas IES; 2) maior dedicação e envolvimento nas atividades pedagógicas e institucionais; 3) Na “valorização” de atributos comportamentais que refletem na pró-atividade, postura empreendedora; 4) nas demais áreas da vida, os trabalhadores docentes: possuem baixa participação em movimentos sociais, vida restrita ao espaço profissional e familiar; suas formas de lazer restringem-se à própria casa (televisão, filmes e computador); acerca da saúde, avaliaram-se com elevada ocorrência, respectivamente: de cansaço, problemas posturais e stress.