"TUDO TEM SUA MÃE E DEVE-SE RESPEITAR": O MUNDO MÍTICO DE CARAPARU, PARÁ.
Imaginário Mítico. Ideologia. Etnografia. Colono/Agricultor. Encantados. Assombrações.
O objetivo geral da tese, é “compreender, a partir das práticas discursivas, a constituição e o funcionamento do imaginário que se derrama no real sociohistórico no qual o sujeito está envolvido. Mas especificamente debruço-me sobre um tipo de imaginário produzido por e para sujeitos, qual seja, o que projeta no/sobre o real a existência e circulação de entidades sobrenaturais presentes entre as famílias de agricultores de Caraparu. Esse objetivo se desdobrou em dois em que nomearei de Geral 1: compreender a constituição e o funcionamento desse imaginário projetado no/sobre o real. E Geral 2: examinar os indícios de prováveis/possíveis transformações desse imaginário no/sobre o real. Todos esses anos fazendo pesquisas com as famílias de agricultores de Caraparu me fizeram levantar alguns questionamentos. As indagações são as seguintes: que formação imaginária é essa que se derrama no real sociohistórico no qual o sujeito está envolvido? Esse imaginário mítico se perpetua, se transforma ou está desaparecendo no tocante à produção de realidades no corpo social de Caraparu? Desse modo, o recorte que me propus a investigar gerou a necessidade de buscar respostas no campo teórico fora da antropologia. Daí nasceu a necessidade de buscar no modo como Michel Pêcheux, a partir das teorias althusseriano, compreende o conceito de “imaginário” numa perspectiva ideológica materialista. Para vislumbrar esse processo, foi necessário fazer uma etnografia do modo de vida local com foco nas condições sociohistórica em que foi produzido o discurso da crença em seres sobrenaturais. Para tanto, coletei narrativas dos agricultores antigos e dos filhos, netos e bisnetos desses agricultores, para examinar o dizer tanto desses antigos agricultores como da nova geração, buscando identificar os processos de subjetivação desse sujeito. E examinar se os jovens agricultores se identificam plenamente, contra-identificam-se ou desidentificam-se com os saberes da formação discursiva dos agricultores antigos de Caraparu.