“COMO SE VIVE ‘NESSE LUGAR’?”: uma etnografia com mulheres em situação de prisão na Amazônia
Mulheres em situação de prisão. Cadeia. Contestação.
Esta dissertação busca compreender como mulheres em situação de prisão contestam dificuldades na cadeia, entendida a partir de suas falas como lugar destinado a não humanos. O trabalho consiste em pesquisa qualitativa, concebida mediante pesquisa bibliográfica e pesquisas de campo, durante as quais lancei mão de observação, conversas informais e entrevistas semiestruturadas em uma unidade prisional na Amazônia. Foram 5 meses de pesquisa de campo dentro da prisão e 10 dias de visita (sábados ou domingos) à porta da mesma unidade prisional na Amazônia, desta vez interagindo com visitas. A pesquisa constatou que mulheres em situação de prisão forjam códigos extraoficiais, que teias de relações de poder entre mulheres em situação de prisão engendram relações tais quais o corre (que diz respeito à busca de satisfação de necessidades materiais) como maneiras de contestar dificuldades materiais e afetivas vividas na prisão; outrossim, foram observadas estratégias de rupturas de silenciamentos e processos em que são requeridos do corpo da mulher em situação de prisão certa renúncia de sensibilidades (que não quer dizer indolência) e vivência de afetos cindidos pela desconfiança inerente à cadeia.