NEGRA QUANDO?:
IDENTIFICAÇÃO DE SI ENQUANTO EVENTO E TIPIFICAÇÃO DO RACISMO COMO TEMPORALIDADE EM BELÉM-PA
Mulheres Negras; Identificação; Evento; Tipificação; Temporalidade.
Considerando a formação sócio-econômica brasileira e da amazônia belenense, em específico, onde a morenidade se apresenta como um tipo de negação regional da negritude, o presente projeto objetiva compreender de que forma a tipificação de si enquanto negra, a partir do evento de se atribuir esta identificação, instaura uma nova temporalidade na experiência vivida de mulheres negras militantes em Belém do Pará. Para isso, a metodologia pretendida é etnografia de abordagem fenomenológica, utilizando a interseccionalidade como enquadramento analítico. Problematizo as noções de trauma que constituem sujeitos negros de maneira a impedir a identificação com a negritude, bem como aponto que o momento de identificação de si não necessariamente é traumático e, portanto, a categoria evento (DASTUR, 2000) é, aqui, mais adequada. A partir do evento é que as coisas do tempo passam a ser tipificadas de maneiras diferentes. O que acontece a partir do evento é o abraçar um projeto de negritude e esta etapa é processual. Refiro-me à temporalidade como fundamento da experiência vivida, pois pretendo desenvolver uma abordagem dinâmica acerca da identificação racial adotada pelas interlocutoras desta pesquisa na medida em que há o deslocamento de tipicalidades no devir próprio da vida.