A Braz é (e) quem ‘a faz’: paisagens de poder, experiências e apropriações na avenida Braz de Aguiar, em Belém (PA), Amazônia.
Experiências; Avenida Braz de Aguiar; distinção; Belém do Pará;
fisionomia urbana.
Nesta pesquisa observo as vivências e experiências de sujeitos na avenida Braz de
Aguiar, bairro de Nazaré, considerado um dos mais destinados às camadas médias de
Belém do Pará, Amazônia (achei estranho isso. Talvez “um dos bairros de maior
status”). Levando em conta que as paisagens são construções processuais (SANSOT,
1983; SILVEIRA, 2004; ECKERT, 2009; ECKERT e ROCHA, 2013), me atento
principalmente ao estabelecimento de “paisagens de poder” (ZUKIN, 1996), que são
provocadas e/ ou se coadunam às práticas dos sujeitos. Tais poderes, em especial o
econômico, se expressam nos habitus (BOURDIEU, 1983), perceptíveis mediante a
realização da Etnografia de Rua (ECKERT e ROCHA, 2013) e da Etnografia da
Duração (ECKERT e ROCHA, 2013). Na via, os serviços eram e ainda são
direcionados a uma camada financeiramente mais privilegiada da cidade, com maior
poder de consumo, aquisitivo e status, algo fundamental na construção e manutenção de
certa “distinção” no contexto belenense. A Braz, então, torna-se um “espaço geográfico
socialmente hierarquizado” (BOURDIEU, 2007), em que o ócio (VEBLEN, 1965)
parece ser mais possível de ser praticado, mas não por todos. Em conjunto, isto aponta
para o estabelecimento de processos específicos de sociabilidade e sociação (SIMMEL,
1983) no mundo urbano belenense, em que é necessário discutir também a forma
“aristocrática” como alguns indivíduos aderem/(re)criam tal fisionomia urbana
contemporânea e como a avenida é referida e representada nas redes sociais.