EU GOSTO DAQUI: ESCOLHAS ONTOLÓGICAS QUE SE EXPRESSAM EM UMA RELAÇÃO ENTRE HUMANOS E NATUREZA
Episteme; Resex-Marinha Mocapajuba; Monte Alegre da Barreta; Etnografia; Decolonialidade
Esta tese figura como uma tentativa de construção de uma etnografia de cunho decolonial, compreendendo decolonial como uma temática ainda em construção e que carece de aprimoramento e debate. O argumento central parte da perspectiva de que sociedades alternativas, na periferia do sistema hegemônico, constroem seu conhecimento a partir do afeto, particularmente tecido na relação com a natureza. No que se refere ao método, faz uso da etnografia não convencional, marcada pela condição de ser afetado, portanto, decorrente das próprias trajetórias pessoais do etnógrafo. Ela apresenta um teste teórico que, a partir da alteridade e de conceitos decoloniais, intenta compreender quais são os motivos que levam os moradores da comunidade de Monte Alegre da Barreta, situada na Resex-Marinha Mocapajuba-São Caetano de Odivelas (PA), a fazer escolhas que os conduzem a um modo de vida que se diferencia e se opõe à sociedade hegemônica. As estratégias metodológicas que fundamentam esta reflexão repousam na apresentação das categorias êmicas percebidas e debatidas a partir do acúmulo de leituras que discutem a decolonialidade do conhecimento. Ampliando a discussão, ao passo que a condensando, a questão que move a empreitada e, portanto, embasa esta tese, volta-se aos motivos que desenham, entre seus moradores, o desejo de morar em Monte Alegre da Barreta. O texto traz a trilha percorrida em um caminho de produção etnográfica capaz de compreender a ontologia e episteme construídas pelo afeto dos interlocutores da pesquisa e pelo próprio etnógrafo.