SÓ FALTA CHEGAR A HORA DO PUXO”: OS SABERES DAS PARTEIRAS TRADICIONAIS EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA NA AMAZONIA PARAENSE
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No Brasil, até o início do século XIX, eram as parteiras tradicionais as únicas responsáveis pelo ato de partejar e cuidar das mulheres e dos bebês. No entanto, com a implantação de escolas de medicina no país, foram criados cursos de formação nesse ofício, mas as parteiras tradicionais não puderam participar deles, devido às exigências impostas pelas escolas. Dessa maneira, o ato de partejar foi, paulatinamente, sendo substituído pela ação médica, todavia, nas comunidades rurais e nas camadas mais pobres das zonas urbanas, as parteiras tradicionais nunca deixaram de atuar. Nas últimas décadas, inclusive, incentivado pelos movimentos de humanização do parto normal, que questionam e criticam os altos índices de cesarianas e mortalidade materna e neonatal no país, o próprio Ministério da Saúde vem desenvolvendo políticas para integrá-las no sistema de saúde. Neste contexto, este estudo visa contribuir cientificamente com as pesquisas sobre práticas relacionadas à gestação, parto e pós-parto desenvolvidas por parteiras tradicionais em comunidades quilombolas na Amazônia paraense. O objetivo é descrever e analisar, a partir de uma abordagem etnográfica, os ofícios e saberes das parteiras tradicionais da Comunidade Quilombola e Extrativista da Vila de Joana Peres, no município de Baião (PA).