Experiências indígenas no Acre: Interculturalidade e produção de saberes face a situação colonial.
Situação Colonial, Interculturalidade, Juventude Shanenawa, Protagonismo de Mulheres Indígenas, Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, Sudoeste Amazônico.
Esta pesquisa é sobre produção de conhecimento e estratégias indígenas de enfrentamento às ameaças à sua existência em contextos de relações com a sociedade colonizadora e está focada na interculturalidade enquanto forma de diálogo e relação. Entendemos que a interculturalidade também pode ser compreendida enquanto um projeto político, cultural, ético, epistêmico e social, como escreve Walsh (2007, p.47). Isto é, enquanto conceito esta noção engloba diversas faces de uma epistemologia da resistência à situação colonial. Ela tem gêneses múltiplas, em diversos movimentos indígenas, negros, e de populações subalternizadas em uma perspectiva mais ampla na América Latina. A interculturalidade pode ser compreendida enquanto um meio, uma ferramenta, um método, cujo fim é o enfrentamento da situação colonial e sua principal consequência contemporânea, o Capitaloceno.
Em nossa etnografia, os casos que serão analisados trazem três diferentes objetivos que são atualmente buscados por povos indígenas no Acre com a prática da interculturalidade em suas diversas acepções descritas acima. São eles a soberania alimentar, o fortalecimento cultural e o empoderamento feminino. A pesquisa está baseada na análise dos esforços empreendidos por jovens indígenas Shanenawa visando o seu fortalecimento cultural através do resgate da utilização cerimonial do Uni (Ayahuasca), do protagonismo das mulheres indígenas do Acre no movimento indígena através do combate à violência doméstica e produção de alternativas de geração de renda e autonomia para as mulheres, e do processo de formação e prática dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AAFIs) no que concerne à gestão de Terras Indígenas.