Os trabalhadores da ciência: a crise da ação coletiva dos docentes da UFPA.
Ação Coletiva, Trabalho, Sindicalismo, Mobilização, Organização.
Este estudo se inscreve nas temáticas da ação coletiva e da organização sindical dos trabalhadores. Trata-se de uma pesquisa sobre o sindicalismo docente dos professores da UFPA. Aporta contribuições da sociologia das organizações e dos movimentos sociais às teorias da sociologia do trabalho que se referem à crise do sindicalismo. Discute a condição crítica do sindicalismo docente no quadro da degradação da educação superior e das condições de trabalho especificas desta categoria. Por meio de entrevistas e pesquisa documental verificou-se a ocorrência de três crise simultâneas, participação, filiação e repertório, configurando um quadro de crise da ação coletiva. As respostas teóricas da sociologia do trabalho para a condição crítica do sindicalismo no Brasil, apesar de relevantes em termos macro, não possibilitam uma explicação do fenômeno identificado no caso em estudo, por não problematizar o aspecto organizacional e a forma especifica de trabalho e seu controle. Conclui que se constituiu nos últimos anos um modo especifico de controle do trabalho intelectual no âmbito das universidades que se denomina produtivismo acadêmico. Como outros, esse modo também afeta a capacidade de ação coletiva, por meio da compressão do tempo e da subjetivação das injunções da produção cientifica. Seu locus de reprodução é a pós-graduação. Verifica-se um elevado crescimento da pós-graduação na UFPA nas ultimas duas décadas. Introduz uma forma sui generis de alienação do trabalho docente. Sugere que a natureza da crise de ação coletiva, não obstante os aspectos contextuais marcados pela degradação das condições de trabalho e por mecanismos externos de regulação, pode ser encontrada na pragmática sindical, marcada pela ausência de espaços de interação direta como forma de ação organizacional entendida como a construção e reconstrução sistemática das condições para a mobilização a partir da estruturação de uma rede de significados compartilhados.