OS OPERADORES ARGUMENTATIVOS NO PROCESSO DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Argumentação; Operadores argumentativos; Leitura e produção de textos; Ensino fundamental
A presente pesquisa tem como tema os operadores argumentativos nos gêneros discursivos no tocante ao processo de leitura e escrita de alunos do ensino fundamental. O interesse em desenvolvê-la surgiu na própria rotina de sala de aula, como professora de Língua Portuguesa, ao observar a dificuldade dos alunos em construir bem textos argumentativos, incluindo o domínio dos conectores linguísticos que sinalizam a relação construída entre argumentos. Como objetivo geral, elegemos promover o conhecimento de alunos do 9o ano do ensino fundamental, de uma escola pública estadual do município de Igarapé-Açu, Pará - Brasil acerca da construção da argumentação textual por meio de operadores linguísticos. E como objetivos específicos, concebemos: (i) levar ao aluno, por meio de exemplares diversos de textos de diferentes gêneros discursivos, o conhecimento de que todo discurso tem uma dimensão argumentativa; (ii) conscientizar os alunos do que são operadores argumentativos por meio da leitura de textos de gêneros discursivo diversos em que os operadores sejam recurso para argumentação; (iii) exercitar a competência textual-discursiva dos alunos quanto à produção de textos argumentativos, ampliando sua capacidade de argumentar com recursos da língua. A fim de cumprirmos os objetivos pretendidos, organizamos esta pesquisa, de caráter qualitativo, em duas etapas distintas: a primeira referente à construção de informações acerca do conhecimento que os alunos detêm, sobre os operadores em textos argumentativos, ao procederem à leitura e produção de textos; a segunda concernente à elaboração de uma proposta de ensino pautada no modelo sugerido por Vieira (2007). Para embasar a pesquisa, tomamos como referência os estudos da Semântica Argumentativa, desenvolvidos por Ducrot (1987) e construções teóricas da Linguística Aplicada em Halliday & Hasan (1976), Haiman & Thompson (1984), Lehman (1988) e Van Dijk (1981, 1992) e os estudos sistematizados por Koch (1995, 2003, 2009, 2015). A pesquisa diagnóstica evidenciou resultados pertinentes à elaboração da proposta de ensino, que, esumidamente, apontam para o fato de que a maioria dos alunos usa operadores argumentativos, mas têm um domínio limitado das possibilidades existentes da língua. Observamos a utilização das relações discursivas de conjunção (aditiva) com o operador e com ampla frequência pelos redatores. Vimos também a ausência de elementos capazes de guiar os argumentos a uma determinada conclusão, pois, em alguns trechos das produções, os redatores não encadearam os enunciados por meio desses recursos.