DISCURSO E IDENTIDADE REGIONAL: PRÁTICAS DE LETRAMENTO SOBRE OS RIOS, A CHUVA E OS RITMOS DO PARÁ NO 9o ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Discurso; Letramento; Cultura; Identidade Paraense.
A presente dissertação tem por objeto de estudo os discursos dos sujeitos alunos de uma turma do 9o ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual de Belém do Pará. Seu objetivo geral consiste em investigar como é representada e construída a identidade cultural paraense que emerge no discurso desses sujeitos, a partir de interações promovidas por práticas de letramento sobre os rios, a Chuva, e os ritmos musicais paraenses. Como objetivos específicos, o trabalho pretende contribuir para a compreensão das singularidades próprias da cultura paraense, possibilitando o letramento acerca de temáticas voltadas para a identidade regional paraense; bem como favorecer o uso da leitura para o saber de suas singularidades regionais, suas diferenças sociais e o exercício mais propositivo de sua cidadania; além de identificar que saberes da cultura e da Amazônia paraense são acionados nos discursos do sujeitos-alunos e se revelam mais recorrentes, ou não, em suas situações concretas de interação. Para isso, a pesquisa foi desenvolvida na área da Linguagem e Letramento, fundamentada, sobretudo, no aparato teórico-metodológico da Análise Dialógica Discursiva do Ciclo de Bakhtin, na perspectiva de pesquisa ação, dentro de uma abordagem qualitativa e interpretativa, por meio
da técnica da observação-participante, trazendo algumas contribuições de Foucault, relativa a relação entre discurso e letramento, enquanto prática sócio-histórica da linguagem. Daí vieram contribuições de outros estudos do discurso (Fiorin), (Cunha), (Brait); dos estudos de letramentos (Kleiman), (Rojo), (Soares); referentes à cultura e identidades (Hall), (Woodward), (Canclini), (Bauman); e mais delimitadamente acerca da cultura amazônica (Loureiro), (Monteiro). A proposta de intervenção foi realizada em sala de aula por meio de duas atividades motivadoras, que serviram para promover uma primeira abordagem diagnóstica sobre a
identidade paraense; e teve seu ponto meio de mediação em três oficinas temáticas intituladas: “No ritmo do Pará”; “Chove, Chuva” e “Esse rio é minha rua”. Com base numa perspectiva sócio-histórica, os dados analisados permitiram elencar singularidades e pluralidades concernentes à identidade dos sujeitos e sua relação com a cultura local. Os resultados demonstraram que em alguns casos, os sujeitos não se identificam com determinados aspectos dessa cultura, sendo esse sentimento de pertencimento ou afastamento, desvelado nos diferentes enunciados, verificando-se relações de maior ou menor resistência e/ou adesão a certas ordens
colonizadoras vigentes.