IDAS E VINDAS DA ESCRITA: CONSTRUÇÃO COLETIVA DE PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO TEXTUAL PARA OS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
produção textual; coletivização do trabalho; avaliação.
Neste trabalho, discutimos uma experiência de ensino da escrita pautada na organização coletiva do trabalho pelos professores da área de Língua Portuguesa da Escola Municipal de Ensino Fundamental Raimunda da Silva Barros, situada na periferia da cidade de Cametá, nordeste do Pará. A pesquisa teve início com a avaliação e re(construção) de um projeto de escrita previamente existente na escola, pensada a partir das análises dos resultados do projeto e dos textos produzidos pelos alunos. Propusemos, no ano letivo de 2019, algumas alterações e/ou modificações no projeto baseando-nos em nosso objetivo geral, que consistiu em desenvolver uma proposta de ensino da escrita para os anos finais do ensino fundamental que permitisse ao corpo docente de Língua Portuguesa da instituição produzir sua própria avaliação do desempenho dos alunos, com vistas à elaboração de um projeto de formação do aluno leitor e escritor. Para a consecução deste, propusemos como objetivos específicos: a) criar espaços de trabalho coletivo na escola, envolvendo o corpo docente de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental, por meio da proposição de um grupo de trabalho sobre escrita; b) avaliar coletivamente os resultados do projeto “A redação em exame” do ano de 2018; c) tornar a escola e a sala de aula de língua portuguesa espaço de exercício cotidiano das habilidades de escrita pela proposição e execução de um projeto de escrita coletivamente construído pelos docentes de Língua Portuguesa; d) criar formas de avaliação e acompanhamento do desenvolvimento da escrita dos alunos que possam ser compartilhadas pela escola, de modo a favorecer a continuidade do trabalho. O enfoque teórico que nos ajudou a pensar essas ações pautou-se em duas “frentes”. Na primeira, de modo geral relacionada à área da educação, valemo-nos dos estudos de Michael Apple (1989; 1995); Maurice Tardif e Claude Lessard, (2005) e Jorge Larrosa (2002), que discutem a relação entre as práticas docentes e os conhecimentos que sustentam o trabalho docente. Na segunda, no âmbito da linguagem, contamos com as contribuições de Mikhail Bakhtin e Valentín Volochinov (1997), Eglê Franchi (1986), Lucy Mccormick Calkins (1989), Magda Soares (1992), Cláudia Riolfi et al. (2008), Sírio Possenti (2009), e, de modo especial, com as obras de João Wanderley Geraldi (1984; 1997; 2015), as quais nos ofereceram a oportunidade de pensar o ensino e aprendizagem de língua portuguesa numa perspectiva interacionista, considerando as próprias práticas escolares como espaço social de trocas, de resistências e de transformações. A metodologia de nosso trabalho consistiu em uma pesquisa-ação crítica, nos termos de Ghedin e Franco (2008), cuja natureza compõe-se de uma pesquisa descritivo-qualitativa de caráter diagnóstico, pela qual realizamos um trabalho de observação, investigação e reflexão do produto de nossa própria prática docente. Em sala de aula, realizamos atividades diversas pautando-nos nos três pilares do ensino de língua materna que, segundo Geraldi (1984), são: leitura, produção textual e análise linguística. De modo geral, essas atividades tiveram como objetivo ajudar os alunos a adquirirem habilidades de linguagem presentes em textos de bases narrativo-descritiva e expositivo-argumentativa. Os resultados apontam em duas direções: a primeira refere-se à possibilidade de se efetivar na escola espaços de discussão nos quais a coletivização do trabalho aponte caminhos para soluções de problemas enfrentados na sala de aula. Já no que se refere aos alunos, mostramos com nossa experiência no chão da sala de aula que é possível nas aulas de língua materna propiciar a construção de habilidades de escrita que permitam aos alunos constituírem-se como autores.