RACISMO E HUMOR: a língua como um lugar de dores para muitos de nós
Discurso; humor; racismo; educação.
O trabalho em voga tem como objetivo propor análises de textos humorísticos que circulam socialmente e que trazem alguns estereótipos do chamado racismo recreativo (MOREIRA, 2020). Essas paisagens de análises estão em comprometimento com as práticas docentes de uma educação antirracista, principalmente no âmbito discursivo, pois, como afirma Gregolin (2016), a partir de uma perspectiva foucaultiana (FOUCAULT, 2010), a subjetividade não se refere à percepção do sujeito como categoria imóvel, mas como formas de agir, de atuar (nesse caso linguística e discursivamente), faces de subjetivação maleáveis e diversas. Ou seja, assim como os dispositivos raciais coloniais se atualizam para manter a estratificação racial, os professores podem e devem atualizar seus modos operantes de resistência para dar uma resposta a esse sistema colonial racial do Brasil em diversas matizes (GABRIEL, 2019). A pesquisa encaminha-se metodologicamente pela pesquisa-ação, destacando-se o aspecto social/racial; também por possibilitar uma intervenção direta na realidade analisada, a partir de uma diagnose da recepção dos textos de humor pelos sujeitos-alunos do 9° ano do Ensino Fundamental da Rede Pública Estadual de Ensino. Os textos selecionados são basicamente de stand up que circulam livremente pelas redes sociais e afins, meios a que os jovens da faixa-etária da etapa escolar supracitada têm livre acesso. Os produtores dos conteúdos reunidos são pessoas brancas héteros as quais explicitam um processo histórico que coloca esse perfil de sujeitos como raça social superior, o chamado Pacto da branquitude (BENTO, 2022). Portanto, os textos trazem discurso em distintos níveis do racismo recreativo, ratificando a sofisticação e a atualização dessa tecnologia de segregação no Brasil, atingindo crianças e adolescentes, daí ratificando a força do racismo em várias esferas sociais.