Toxicidade e atividade antileishmania in vivo de Aspidosperma nitidum Benth. Ex Müll. Arg. (Apocynaceae)
Aspidosperma nitidum, Apocynaceae, Leishmania amazonensis, toxicidade
Introdução: A leishmaniose é uma doença causada por protozoários do gênero Leishmania que se apresenta como lesões na forma de úlceras, nódulos, pápulas e placas em partes do corpo expostas. As dificuldades da quimioterapia e a ausência de uma vacina eficaz para leishmaniose demonstram a necessidade do desenvolvimento de tratamentos alternativos. Estudos in vitro demonstram a atividade leishmanicida de Aspidosperma nitidum. Objetivo: Este estudo avaliou a toxicidade e a atividade antileishmania in vivo do extrato etanólico (EE) e da fração alcaloides (FA) obtidos da casca de A. nitidum. Metodologia: O EE foi obtido por maceração do pó das cascas com etanol, este foi fracionado por partição ácido-base originando as frações FA e de neutros (FN). O EE, FA e FN foram analisados em CLAE-DAD. A toxicidade aguda e subaguda foram realizadas seguindo o guideline OECD 423 e 407, respectivamente. A atividade antileishmania foi avaliada em camundongos da linhagem Balb/c infectados na pata traseira com promastigotas de Leishmania amazonensis, onde utilizou-se um medidor de espessura para avaliação da progressão da lesão e o método MTT para determinar a carga parasitária do baço. A quantificação de citocinas IL10 e IFN- y foi realizada por ELISA. Resultados e discussão: O cromatograma do EE apresentou picos sugestivos de alcaloides β-carbolinas harmanos e de alcaloides indólicos. A FA e FN apresentaram picos sugestivos apenas de alcaloides indólicos. Nos testes de toxicidade, o EE e a FA, nas doses testadas, não apresentaram toxicidade. Na atividade antileishmania, houve redução do crescimento da lesão dos camundongos tratados com a dose de 400 mg/kg de EE. Quanto a carga parasitária, tanto o EE quanto a FA apresentaram atividade dose-dependente, sendo que EE (400 mg/kg) apresentou maior atividade antileishmania reduzindo a carga parasitária em 42,5% enquanto a FA (400 mg/kg) reduziu em 22,1%. Tanto o EE quanto a FA apresentaram efeito imunomodulador, pois diminuíram a expressão de IL-10 e aumentaram os níveis de IFN-y. Conclusão: A maior atividade do EE pode estar relacionada com a presença de alcaloides β-carbolinas, que podem ser o(s) marcador(es) farmacológico(s) ou podem estar atuando em sinergismo com os alcaloides indólicos.