Análise fitoquímica e avaliação dos potenciais toxicológico e bioquímico do extrato aquoso de folhas de Bauhinia ungulata var. obtusifolia (Ducke) Vaz
Pata-de-vaca; antioxidante; antidiabética; toxicidade aguda; substâncias fenólicas.
Introdução: Espécies de Bauhinia são popularmente conhecidas como "pata-de-vaca" e utilizadas pela população na forma de um remédio antidiabético. Dentre elas, encontra-se Bauhinia ungulata var. obtusifolia (Ducke) Vaz, cujas folhas são utilizadas com fins medicinais na região Amazônica. Objetivo: O trabalho teve como objetivo produzir conhecimento sobre a espécie, caracterizando-se extratos aquosos liofilizado e microencapsulados obtidos de suas folhas e avaliando-se os potenciais antioxidante, antidiabético e toxicológico. Metodologia: Folhas microscopicamente caracterizadas foram extraídas por infusão e forneceram o extrato liofilizado, que foi submetido à microencapsulação por spray-drying com maltodextrinas DE 4-7 e DE 11-14, β-ciclodextrina, carboximetilcelulose sódica ou pectina. Todas as amostras foram avaliadas quanto ao comportamento térmico, perfis espectroscópicos, capacidade antioxidante e teor de fenólicos, quantificando-se substâncias presentes por cromatografia a líquido de alta eficiência. A microestrutura, tamanho e distribuição de partículas, rendimento e eficiência de encapsulação dos extratos microencapsulados foram determinados, sendo a toxicidade aguda em zebrafish e a potencial inibição de enzimas digestivas também avaliadas. Resultados e discussão: A análise das folhas revelou estruturas comuns no gênero Bauhinia. As micropartículas apresentaram altos rendimentos (60 % a 83 %) e eficiências de encapsulação (52 % a 64 %), tamanho variável (1,15 a 5,54 µm), forma esférica e superfície lisa ou rugosa. Além disso, os extratos produzidos com carboximetilcelulose sódica e pectina tiveram maior estabilidade térmica e as análises cromatográficas permitiram quantificar ácido clorogênico, ácido p-cumárico, rutina e isoquercitrina nos extratos. Todas as amostras apresentaram atividade antioxidante e apenas a fração aquosa foi capaz de inibir a α-glicosidase em percentual satisfatório. A avaliação da toxicidade aguda do extrato liofilizado revelou ausência de letalidade e alterações comportamentais e histopatológicas graves nos animais. Conclusões: A encapsulação do extrato foi eficiente, sendo a carboximetilcelulose sódica o material de parede mais interessante dentre os testados. As substâncias quantificadas podem estar relacionadas à propriedade antidiabética atribuída à espécie, que deve ocorrer por um mecanismo diferente do avaliado. A avaliação toxicológica indica que o extrato liofilizado é seguro na dose testada e pode ser administrado em zebrafish no intuito de investigar sua atividade hipoglicemiante.