“Atividade Antileishmania in vivo da Casca de Aspidosperma nitidum Benth. Ex Müll. Arg. (Apocynaceae)"
Aspidosperma nitidum, Apocynaceae, Leishmania amazonensis toxicidade.
Introdução: A leishmaniose tegumentar (LT) é uma doença associada à pobreza que se apresenta como lesões na forma de úlceras, nódulos, pápulas e placas em partes do corpo expostas. É causada por protozoários do gênero Leishmania, sendo endêmica em 98 países e afetando mais de 12 milhões de pessoas. Não há tratamento satisfatório para nenhuma forma da LT e uma necessidade de desenvolver tratamentos curtos, seguros, eficazes. Portanto, torna-se necessário buscar alternativas terapêuticas, sendo espécies pertencentes ao gênero Aspidosperma da família Apocynaceae promissoras.
Objetivo: Avaliar a atividade antileishmania e o efeito terapêutico do extrato etanólico (EE) e da fração alcaloides (FA) obtidos da casca de Aspidosperma nitidum.Metodologia: O EE foi obtido por maceração do pó das cascas com etanol, este foi fracionado por partição ácido-base originando as frações FA e de neutros (FN). O EE, FA e FN foram analisados em CLAE-DAD. A toxicidade aguda e a toxicidade aguda de doses repetidas foram realizadas seguindo o guideline OECD 423 e 407, respectivamente. A atividade antileishmania foi avaliada em camundongos da linhagem Balb/c infectados na pata traseira com promastigotas de Leishmania amazonensis, onde utilizou-se um medidor de espessura para avaliação da progressão da lesão e o método MTT para determinar a carga parasitária do baço.
Resultados e discussões: O cromatograma do EE apresentou picos sugestivos de alcaloides β-carbolinas harmanos e de alcaloides indólicos. A FA e FN apresentaram picos sugestivos apenas de alcaloides indólicos. Nos testes de toxicidade, o EE e a FA, nas doses testadas, não apresentaram toxicidade. Na atividade antileishmania, houve redução do crescimento da lesão dos camundongos tratados com a dose de 400 mg/kg de EE. Quanto a carga parasitária, tanto o EE quanto a FA apresentaram atividade dose-dependente, sendo que EE (400 mg/kg) apresentou maior atividade antileishmania reduzindo a carga parasitária em 42,5% enquanto a FA (400 mg/kg) reduziu em 22,1%.
Conclusões: A maior atividade do EE pode estar relacionada com a presença de alcaloides β-carbolinas, que podem ser o(s) marcador(es) farmacológico(s) ou podem estar atuando em sinergismo com os alcaloides indólicos.