Variabilidade da resposta clinica e metabolismo da hidroxiuréia: correlação com os haplótipos do gene HBB*S, hemoglobina fetal e gene CYP2J2 em pessoas com doenças falciformes no Estado do Pará.
Anemia Falciforme, Hidroxiuréia, Polimorfismos Genéticos.
A anemia falciforme exibe uma grande heterogeneidade clínica que é fortemente influenciada pelos níveis de hemoglobina fetal (HbF) exibido pelos pacientes. A hidroxiureia (HU) é um medicamento que passou a ser utilizado no tratamento da doença devido sua capacidade de indução do aumento dos níveis de produção de HbF em células falciformes, diminuindo assim as tendências de afoiçamento dos glóbulos vermelhos. Normalmente, o início do tratamento ocorre com a administração de HU em doses mínimas, até que os dados hematológicos permaneçam estáveis. Devido esse tratamento causar supressão da medula, a administração da droga é algumas vezes interrompida para permitir a recuperação medular. Por ser um agente mielosupressor, as doses máximas deverão ser clinicadas de maneira cautelosa, pois embora essa dose limite seja importante para acelerar a produção de HbF, ela só deve ocorrer sob rígido controle, uma vez que aumenta a possibilidade de efeitos tóxicos ao organismo do paciente A HU é o maior avanço terapêutico para o tratamento da anemia falciforme, embora tratamentos adicionais sejam necessários. Isso ocorre porque cerca de 40% dos pacientes não se beneficiará a longo prazo, seja por causa de sua má administração, pela não adesão ao tratamento (pelo paciente) ou ainda ausência de resposta devido a toxicidades causadas pelas reações adversas ao medicamento. A razão para essa variação de respostas ao tratamento ainda é indefinida, mas há evidências de que fatores genéticos interfiram em diferentes vias regulatórias envolvidas no controle da produção de globinas-gama e no metabolismo desse medicamento. Variantes genéticas têm sido investigados em relação a resposta ao tratamento com HU. No presente trabalho, essa investigação poderá mostrar possíveis associações desses polimorfismos em respostas variadas ao tratamento com HU entre os pacientes com anemia falciforme. Serão investigados 100 pacientes que faz uso da HU. A genotipagem desses polimorfismos ocorrerá no Laboratório de Genética Humana e Médica da UFPA, e a obtenção dos dados clínicos ocorrerá em nível de prontuário na Fundação HEMOPA. A longo prazo, esses resultados junto a outros trabalhos que serão realizados, poderão possibilitar uma terapia mais adequada com a utilização mais individualizada do uso da HU, diminuindo os efeitos tóxicos acumulados pelo organismo o que permitirá uma melhor qualidade de vida desses pacientes.