CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO-MOLECULAR DE PACIENTES COM DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE EM SERVIÇO ESPECIALIZADO NO ESTADO DO PARÁ.
Distrofia muscular de Duchenne; Diagnóstico Genético; Mutação.
As doenças neuromusculares (DNM) representam um grupo de doenças raras, que comprometem a unidade motora. Existem vários tipos de distrofia muscular, dentre elas a distrofia muscular de Duchenne (DMD) sendo a mais frequente. Esta é geneticamente determinada, com padrão de herança recessiva ligada ao X, a qual se caracteriza por enfraquecimento muscular, progressivo e simétrico, observado clinicamente a partir do terceiro ou quarto ano de vida, constituindo-se como consequência da mutação no gene DMD, levando a ausência ou deficiência da proteína distrofina. O diagnóstico é determinado a partir de anamnese, exame neurológico e dosagem das enzimas musculares, principalmente da CK (creatinoquinase), que apresenta aumento de até 300 vezes. Além disso, a pesquisa molecular deve ser realizada da forma mais precoce possível, para que a partir da identificação das mutações, o aconselhamento genético possa ser fornecido à família, aplicado também a correlações genótipo-fenótipo, prognóstico e estratégias de novos tratamentos especifico para determinadas mutações no gene DMD. No presente trabalho, foi realizada a coleta de dados clínicos, laboratoriais e genéticos, com base nos prontuários de 25 pacientes com diagnóstico de DMD, totalizando 21 famílias, atendidas no ambulatório de Neurogenética, vinculado à unidade de saúde da criança e adolescente do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS / UFPA), no período de 2012 a 2018, com o objetivo de caracterizar o perfil clinico-molecular destes indivíduos. Em 68%, as primeiras manifestações da doença ocorreram até os quatro anos de vida e a média de idade de acesso ao serviço especializado foi de 9,9 anos, idade tardia para se iniciar tratamento e manejo adequado. 52% dos casos apresentam recorrência familiar e apenas 24% dos pacientes são da capital. É imprescindível salientar que, todos os sujeitos em questão realizaram pesquisa molecular, entendendo-se que 48% possuem grandes mutações e 52% pequenas mutações, sendo estes resultados discordantes da literatura. Os pacientes foram divididos em dois grupos: com mutação proximal e distal, comparado a sua evolução clínica e mostrando que as mutações proximais estão relacionadas com fenótipos mais brandos do que as distais. Três dos 25 pacientes, recebem o tratamento especifico, que só foi viável devido a identificação da mutação nonsense. Desta forma, este trabalho vem reiterar que o conhecimento do perfil clinico-molecular nos pacientes com DMD, é fundamental para a tomada de decisões e indicação de terapias especificas para determinadas mutações, adjunto ao objetivo de agregar dados na literatura, mapeando as características moleculares de pacientes com DMD que habitam na Região Norte do Brasil.