DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO SIMPLES DE DETECÇÃO DO ALELO HLA-A* 31:01 COMO ESTRATÉGIA DIAGNÓSTICA E PREDITIVA EM EPILÉTICOS TRATADOS COM A CARBAMAZEPINA
HLA-A; Carbamazepina; Reação ADR
Reações adversa a drogas (ADRs; do inglês Adverse Drug Reactions) são qualquer efeito maléfico inesperado ao paciente originados da administração de drogas ou medicamentos. Um dos fatores mais fortemente associados a essas reações é a variabilidade de genes HLA. Os genes HLA são responsáveis pela apresentação de antígenos, sendo considerados importantes biomarcadores para o diagnóstico, prognóstico e preditivo de determinadas doenças, são os mais polimórficos do genoma humano, possuindo centenas de alelos já descritos. Estudos farmacogenéticos recentes, têm implicado a associação entre alelos específicos de HLA e o aumento do risco a ADR. O HLA-A*31:01 e HLA-B*15:02 são exemplos associados a ADRs relacionados a Carbamazepina (CBZ), que é um fármaco amplamente prescrito para o tratamento da epilepsia, conhecido por causar esses tipos de reações, gerando risco de vida e reações inflamatórias agudas da pele e membranas mucosas. No presente projeto, foi implementado e validado um método de caracterização molecular de biomarcador imunogenético com elevado valor diagnóstico e preditivo para ADRs, baseado em análise de tag-SNP, que consiste em usar o polimorfismo em absoluto desequilíbrio de ligação (DL=1) com o alelo HLA-A*31:01. O SNP rs3869066, mostrou-se em absoluto desequilíbrio de ligação com o alelo HLA-A*31:01 podendo ser usado para sua genotipagem indireta, via PCR-RFLP. O alelo HLA-A*31:01, é de ampla distribuição com uma frequência mundial de aproximadamente 4,4%. Esta variante também é comum em várias populações indígenas americanas e no Brasil a frequência desse alelo chega em média de 5,6%, mesmo não se conhecendo esses números em diversos estados brasileiros, atuando assim como um bom marcador para ADR. Neste estudo, para determinar a frequência em Belém, após a padronização e validação do método, foi genotipado um total de 104 indivíduos da população de Belém, sendo a amplificação visualizada em gel de acrilamida e corada com nitrato de prata. A análise demonstrou que dos 104 indivíduos apenas 7 (3,3%) foram positivos para HLA-A*31:01 (todos heterozigotos). Assim, na população de Belém, o SNP rs3869066 tem a frequência de 3,3%. Como o SNP rs3869066 está em total desequilíbrio de ligação com o alelo HLA-A*31:01, pode inferir-se que o alelo tem uma frequência próxima a do SNP. Isto pode ser observado em outras populações em que foram tipados o alelo de forma direta quanto indireta, usando o SNP. Dessa forma, é possível observar que o SNP e o alelo estão presentes na população de forma semelhante, possibilitando uma tipagem indireta em outras populações. Porém, maiores investigações são necessários para determinar se a suscetibilidade a ADRs em pacientes epiléticos que fazem tratamento com a CBZ está associada a presença do alelo HLA-A*31:01. Assim o rastreio do paciente através de sua tipagem HLA, antes do início do tratamento ou logo no início, é interessante para novos resultados, além de poder prevenir o risco de ADRs. Como estes marcadores ainda são pouco usados no Brasil e o sistema de saúde pública (SUS) não financia a realização destes testes espera-se que o metodologia aqui aplicada, por ser um sistema simples de genotipagem do SNP rs3869066 via PCR-RFLP que geralmente consome menos tempo, é mais barato, e não requer laboratórios especializados, possa ser uma alternativa para a tipagem do alelo HLA-A*31:01 para prevenir as ADRs causadas pela CBZ. No entanto, devemos ter em mente que nem a presença desses SNPs nem a presença do alelo HLA-A*31:01 pode prever todos os pacientes com ADRs relacionados a CBZ.