RELAÇÃO DO FENÓTIPO CINTURA /HIPERTRIGLICERIDEMIA E DO ÍNDICE ATEROGÊNICO DO PLASMA COM A SÍNDROME METABÓLICA COMO INDICADORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM ADULTOS DA MESORREGIÃO DO ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ, NA AMAZÔNIA BRASILEIRA.
Síndrome metabólica – índice aterogênico do plasma – fenótipo cintura/hipertrigliceridemia – Amazônia brasileira.
Doenças cardiovasculares (CDV) são responsáveis por altos níveis de morbidade e mortalidade em todo mundo. No Brasil, observa-se falta de políticas públicas de saúde para a prevenção e controle de fatores de risco, principalmente em regiões de baixo índice de desenvolvimento humano, como é o caso da mesorregião do arquipélago do Marajó, na Amazônia brasileira. O diagnóstico da síndrome metabólica (SM) tem sido utilizado como importante preditor de risco para DCV e avalia como critérios de risco a presença de dislipidemias, hipertensão, hiperglicemia e obesidade abdominal. Outros indicadores de saúde de mais fácil determinação e que possuam valor preditor equivalente à síndrome metabólica têm sido investigados como alternativa rápida e de baixo custo, seja para investigações epidemiológicas, seja para diagnóstico individual de risco aplicável ao uso de laboratórios de análises clínicas. Com o objetivo de avaliar o índice aterogênico do plasma (IAP = log triglicerídeos/HDL-c) e a presença do fenótipo cintura/hipertrigliceridemia (FCH) como indicadores para o risco de DCV, foram investigados 787 indivíduos com e sem o diagnóstico de SM oriundos do arquipélago do Marajó. Os resultados mostram prevalência divergente entre SM (34,1%), IAP elevado (69,3%) e presença de FCH (15,0%). A alta prevalência de indivíduos com IAP elevado foi impulsionada pela percentual de indivíduos com HDL-c baixo (55,0%); hipertrigliceridemia foi observada em 20% dos indivíduos. A presença de FCH foi observada em 15% da população, o que contrasta com a alta prevalência de obesidade abdominal (55,1%). Não foi observada relação significativa entre circunferência abdominal e hipertensão arterial. A dosagem de triglicerídeos e de HDL-c juntamente mostraram ser discriminantes para a presença de SM, ao contrário das dosagens LDL-c e colesterol total. A presença de FCH foi mais fortemente relacionada à SM (OR = 14,4) do que com IAP elevado (OR = 6,0), porém ambos, assim como os demais fatores de risco investigados (hiperglicemia perfil lipídico, tabagismo, hipertensão, pré-hipertensão e obesidade) estavam significativamente relacionados à SM (p <0,0001). Os resultados apontam que a população do Marajó encontra-se com alta prevalência para fatores de risco associados à DCV, fato que deveria receber mais atenção de governantes locais. Todavia, o uso de IAP e FCH como indicadores epidemiológicos precisa ser melhor investigado uma vez que a prevalência entre esses indicadores em relação à prevalência de SM foi divergente, o que não os exclui como fatores de risco para DCV para uso na prevenção individual.