Saúde Sexual e HIV/AIDS na Terceira Idade
Saúde sexual. Idoso. Enfermagem. Prevenção e controle. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. HIV/AIDS
A taxa de infecção pelo HIV tem aumentado entre as pessoas na terceira idade. Da mesma forma, o prolongamento da atividade sexual na velhice tem sido estimulado pelo incremento cada vez maior de vida social e ao crescimento da indústria farmacêutica. Contudo, a concepção do idoso como assexuado, inclusive entre os profissionais de saúde, tem reduzido o espaço para que o idoso manifeste sua sexualidade ou para que discuta sobre o assunto de forma a se munir de informação, resultando em práticas sexuais perigosas e no afastamento de sua saúde sexual. Objetivou-se nesse estudo analisar o conhecimento dos idosos sobre HIV/AIDS e a vivência de sua sexualidade, entre participantes de um programa de extensão para idosos na Unidade Municipal de Saúde do Guamá, Belém. Para tanto, optou-se pela abordagem da investigação avaliativa, adotando-se a triangulação de métodos, em atendimento ao primeiro objetivo de avaliar o conhecimento dos idosos sobre HIV/AIDS aplicando-se o Questionário sobre HIV para a Terceira Idade. Já para atender ao segundo objetivo, de explorar como pensam e vivenciam os idosos à sua sexualidade, adotou-se a técnica do grupo focal, aplicando-se em dois grupos separados de homens e mulheres. Os dados obtidos pelo questionário foram tratados e analisados pela estatística descritiva simples, resultando no fato de que os idosos participantes dessa pesquisa possuem algum conhecimento sobre a AIDS, principalmente em relação aos domínios “conceito”, “transmissão” e “prevenção”, entretanto, observou-se a existência de lacunas de conhecimento principalmente sobre a fase assintomática da doença e as formas em que não ocorre transmissão do vírus. Além disso, 93% deles não usam camisinha em sua prática sexual e somente 40% já realizou o teste HIV. Os dados obtidos pela técnica do grupo focal foram tratados pela técnica de Análise de Conteúdo Temática, emergindo assim quatro categorias: sexualidade do idoso entre os desafios do envelhecimento e do preconceito; idosos viúvos: a influência do estado civil na sexualidade; a negociação do uso do preservativo entre os casais de idosos: entre a confiança e a suspeita de infidelidade; a enfermagem entre o velho e novo: uma conversa sobre ISTS e HIV/AIDS com idosos. Concluiu-se que conhecer nem sempre reflete atitudes positivas em relação à prevenção do HIV/AIDS e outras ISTs. Os idosos não usam o condom pela: confiança no parceiro, relação de poder do homem sobre a mulher, alterações biológicas e falta de hábito. A ausência de iniciativas de prevenção das ISTs e AIDS específica para a população idosa, a concepção do idoso como assexuado, bem como o despreparo dos profissionais de saúde, dificultam o alcance da saúde sexual dos idosos. Para alcançá-la torna-se essencial que a enfermagem incorpore ao ensino e à pesquisa uma discussão ampla sobre a sexualidade enquanto necessidade humana fundamental, inclusive para os idosos, bem como à sua práxis, contemplando o idoso em sua integralidade, aumentando as oportunidades de prevenção, diminuindo as diferenças e relações de poderes entre os gêneros e possibilitando o exercício pleno de sua sexualidade.