"A PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS QUANTO AO ENFRENTAMENTO DO ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA CAPITAL PARAENSE"
Maus-tratos infantis, Defesa da Crianças e do Adolescente, Violência Sexual, Enfermagem em Saúde Pública
Trata-se de um estudo de caso de abordagem qualitativa, cujo objetivo foi desvelar a percepção de Enfermeiros quanto ao enfrentamento do abuso sexual contra crianças e adolescentes. Na composição do suporte teórico-filosófico foram utilizadas as concepções de Jean Watson no que concerne à Teoria Transpessoal do cuidado. A trajetória metodológica esteve baseada nos estudos de caso de Yin e análise via Teoria Fundamentada dos Dados de Strauss e Corbin, não chegando à uma teorização. Os sujeitos do estudo foram quatro enfermeiras com experiência na atenção às vítimas de abuso sexual. Como técnicas de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, com apoio da gravação das conversas. O estudo dos dados culminou em quatro categorias de análise, as quais foram: o processo de trabalho; dificuldades no processo de formação; envolvimento pessoal e espiritualidade e avanços e desafios no combate ao abuso sexual. Os resultados confirmaram lacunas pertinentes ao despreparo imediato dos profissionais ao adentrar na realidade do abuso sexual; assim como lacunas no processo de formação acadêmica e consequentes atualizações profissionais. A inserção da humanização no atendimento é visualizada, assim como o envolvimento diante dos conflitos, pois são consequências diretas do processo de cuidar, no entanto é plausível que estas profissionais pudessem ter acesso ao acompanhamento psicológico. Neste ínterim surge a inserção da espiritualidade como via subjetiva de acolher o próximo, assim como enfrentar as situações estressantes. Por fim há apontamento para avanços e desafios no combate ao abuso sexual, o que se torna um convite ao leitor a participar, por diversos meios, inclusive a educação emancipatória, nesta luta. Conclui-se, portanto, a necessidade demais empenho das instituições, dos profissionais e dos usuários em dialogar sobre as violências cometidas a crianças e adolescentes. Na parte do cuidado, a Teoria Transpessoal contempla as expectativas encontradas na humanização prestada pelas enfermeiras; mostra a importância das profissionais estarem associadas à um processo de cuidado e ciência, levando em consideração o valor ético e de proteção à criança e adolescente. Foi possível, desta forma, desvelar como as profissionais de enfermagem percebem o Enfrentamento do abuso sexual contra crianças e adolescentes: o enfrentamento começa a partir do momento em que a vítima pede ajuda, quando denuncia; ganha vivência nos atendimentos de saúde, sendo todo o percurso da atenção em saúde vista como um elo entre vítimas em situação de vulnerabilidade e pessoas aptas a prestar cuidados.