A REPERCUSSÃO DE DETERMINANTES SOCIAIS NA EPIDEMIA DO HIV EM UMA CAPITAL NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL
Determinantes Sociais de Saúde; Epidemia; HIV; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; Análise espacial. Estudo de Séries Temporais;
INTRODUÇÃO: Quase 40 anos após a sua descoberta, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) continua a ser um desafio para a saúde pública mundial. No Brasil, os estados da região Norte têm maior impacto da epidemia do HIV, com um aumento contínuo das taxas de detecção. OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo realizar a análise espacial e temporal da incidência de infecção pelo HIV e de Aids, e sua relação com determinantes sociais. MÉTODO: Estudo ecológico empregando dados secundários de casos notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), 2007-2018. A análise temporal foi feita utilizando a metodologia de Box e Jenkins. Para a análise espacial, a incidência foi analisada empregando técnicas de autocorrelação e regressão espacial, e a densidade de Kernel para estudar a expansão da epidemia do HIV na cidade. RESULTADOS: Durante o período do estudo, 6.007 novos casos de infecção pelo HIV e de Aids foram notificados ao SINAN. A análise da série temporal revelou estabilidade da incidência desde 2007 até outubro de 2016, seguida de uma tendência ascendente. A partir de janeiro de 2017, as taxas de incidência registaram flutuações irregulares até ao final de dezembro de 2018. Foi observado um comportamento sazonal para a previsão de 2019 a 2022. Os clusters de elevada incidência localizavam-se nas zonas centrais e de transição de Belém. A epidemia progrediu de 2007-2010 para 2015-2018. A zona de alto risco espacial para o HIV foi observada na zona de transição (RR = 3,65; IC 95% = 2,47 - 5,34; p = 0,00016), enquanto a zona de alto risco espacial-temporal foi observada na zona central, de transição e expansão (RR = 4,24; IC 95% = 3,92 - 4,52; p = 0,000). As taxas de incidência foram diretamente correlacionadas à cobertura de Estratégia Saúde da Família (ESF) (R2 ajustado = 0,38). CONCLUSÃO: A tendência ascendente observada nas taxas de incidência de infecção pelo HIV e de Aids em Belém pode estar correlacionada com os esforços das políticas públicas para combate ao vírus. No entanto, o comportamento irregular nas taxas de incidência a partir de 2017 e o comportamento sazonal revelado nas previsões sugere um afrouxamento na política. Este estudo fornece subsídios para a elaboração de estratégias de saúde pública para combater o HIV.