A Preceptoria nos Programas de Residência em Saúde de Hospitais de Ensino de Belém-PA: Percepções do Enfermeiro Preceptor
Preceptoria. Educação em enfermagem. Hospitais de ensino. Capacitação em serviço.
Estudo exploratório, do tipo descritivo com abordagem qualitativa, que objetivou descrever a percepção de enfermeiros preceptores de programas de residência em saúde de hospitais de ensino de Belém, estado do Pará, sobre sua atuação e o trabalho docente-assistencial. Participaram do estudo dezessete (17) enfermeiros preceptores de dois (02) hospitais de ensino da região metropolitana de Belém. O período de coleta de dados foi de julho a outubro de 2016, por meio de entrevista semiestruturada, a partir da utilização do instrumento de coleta de dados. Utilizou-se para a análise dos dados a técnica da análise de conteúdo temática, orientada por Minayo (2014), da qual emergiram no total três (03) temas de análise, quais sejam: “O papel do preceptor”, “Exercendo a função de preceptor: trabalho x ensino”, “Aspectos relevantes e desafios do cenário da preceptoria”; e sete (07) subtemas, a saber: “Definição de Preceptor”, “Qualidades de um Bom Preceptor”, “Organização do Trabalho”, “Processo de Ensino-Aprendizagem”, “Processo de Avaliação”, “Facilidades” e “Dificuldades e Fragilidades”. Os Temas e subtemas foram comparados com o referencial teórico, a partir das competências para ensinar propostas por Valente e Viana. Os resultados mostraram que os entrevistados compreendem a função e o seu papel de preceptor. Na percepção deles, a preceptoria se mostra como uma atividade dinâmica, onde os atores envolvidos compartilham a gerência, a assistência, o conhecimento, discutem casos clínicos e planejam a assistência de enfermagem. Não aplicam um modelo de preceptoria pré-estabelecido, por não serem instruídos previamente para o exercício da função. Destacaram como facilidades a predisposição e a satisfação pessoal em conduzir o residente; a motivação para a constante atualização profissional; e o estimulo à melhoria do processo de trabalho. Dificuldade e fragilidades: a sobrecarga de trabalho; acumulo de funções; ausência de incentivos à preceptoria; ausência de integração ensino-serviço; e ausência de capacitação pedagógica. Este estudo identificou como esses enfermeiros preceptores, percebem a sua atuação de preceptoria junto aos residentes, permitindo assim revelar as experiências e problemáticas enfrentadas no cotidiano desta formação pelos preceptores, identificando os aspectos que podem ser trabalhados e/ou aperfeiçoados, a fim de contribuir e propiciar subsídios para implantação de novos programas de residência, fomentar discussões sobre a ação do enfermeiro preceptor na formação do residente, colaborar para as mudanças no modelo de formação em saúde, bem como viabilizar elementos para avaliação dos programas de residência já existentes, e consequentemente, melhorar a qualidade do ensino, da formação e da gestão para a práxis do cuidado de enfermagem. A preceptoria necessita ser compreendida com maior complexidade por todos os envolvidos. Nessa perspectiva, sugere-se maior integração entre preceptores, hospitais de ensino e instituições de ensino superior na busca de soluções as dificuldades e realização da capacitação pedagógica e para pesquisa. Além da busca da categoria junto a gestão de incentivos à atividade de preceptoria. Essa pesquisa contribuiu para iniciarmos as discussões acerca do trabalho docente-assistencial do enfermeiro preceptor, à medida que ofereceu voz para exporem suas percepções acerca da compreensão do ser preceptor, da natureza da atividade e suas dificuldades.