Retrato da violência sexual contra crianças e adolescentes.
Violência Sexual. Abuso sexual na infância. Crianças. Adolescentes. Enfermagem. Determinação de necessidades de cuidados de saúde
A violência sexual é um fenômeno de dimensão universal que atinge sem distinção todas as classes sociais, etnias, idades, sexo, religião e cultura, que ocorreu em épocas passadas e que se perpetua nos dias de hoje. É um assunto complexo, envolve fatores sociais e culturais para o seu desvendamento. Objetivo: conhecer o perfil sócio demográfico e epidemiológico de criança e adolescentes vítimas da violência sexual da rede de atendimento especializado identificando às necessidades humanas básicas comprometidas a luz de Wanda Horta. Metodologia: estudo do tipo descritivo, retrospectivo e de natureza quantitativa. Fizeram parte do estudo crianças e adolescentes vítimas de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos, assistidos no Propaz-Pa integrado à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, residentes no Estado do Pará no período de 01 de janeiro a 30 de junho de 2015. Fonte: Foram utilizadas a ficha de atendimento e a ficha de notificação de violência interpessoal e/ou autoprovocadas do Ministério da Saúde. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva. Utilizou-se o teste Qui-quadrado de homogeneidade e de Pearson para avaliação de significância dos resultados. Resultados: Constatou-se que 289 crianças e adolescentes foram vítima de violência sexual. Destas 88,6% eram do sexo feminino e 11,4% do sexo masculino; 45,7% estavam na faixa etária de 10 a 14 anos, 72% eram da cor parda, 37% católica, 70,6% estavam no Ensino Fundamental, 46,7% estudavam em escolas públicas, 57,8% residiam na área metropolitana de Belém. Verificou-se que 57,1% sofreu estupro de vulnerável. A agressão sexual resultou em 11,8% de casos de gravidez, 4,5% lacerações, 1,7% doenças sexualmente transmissíveis, 0,7% hemorragias e 0,3% aborto. O trauma físico ocorreu em 3,1% na região da genitália e 94,5% não precisaram de internação. Observou-se que 42,2% residiam com 3 a 4 pessoas, 68,5% casa própria; 34,3% renda familiar de um salário mínimo e 61,9% não possuíam auxílio social. Destacou-se que os casos de violência sexual ocorreram em 86,9% no ambiente intrafamiliar. Os dados mostraram que o padrasto e o pai foram os principais abusadores das vítimas com quem coabitavam. Obteve-se um total de 389 necessidades humanas básicas comprometidas (NHB) de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Dentre as quais, 254 NHB foram categorizadas em psicossocial, 82 NHB na categoria psicobiológica e 50 NHB englobadas na categoria psicoespiritual. Conclui-se que o estudo permitiu conhecer o perfil epidemiológico de violência sexual infanto-juvenil como para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas para o enfrentamento desse fenômeno devastador. Além disso a pesquisa pode favorecer ao profissional Enfermeiro o atendimento as vítimas de acordo com o modelo de instrumento de coleta de dados proposto no final do estudo segundo as necessidades humanas básicas mais comprometidas pautada na Teoria de Enfermagem de Wanda Horta com a finalidade de uma assistência de enfermagem organizada, sistematizada e holística ás vítimas e familiares.