IMPACTO DA PANDEMIA DA COVID-19 NO RASTREAMENTO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES A PARTIR DE 50 ANOS NO ESTADO DO PARÁ
COVID-19. Neoplasias da mama. Carcinoma da Mama in situ.
O câncer de mama é o segundo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. O diagnóstico e tratamento precoce estima um bom prognóstico da doença. Após declarada a pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os estados tiveram necessidade de adotar medidas restritivas com o objetivo de conter o contágio da doença. O Brasil foi um dos quatro países em maior número de infecções confirmadas por covid-19, sendo as altas taxas de transmissibilidade causa de colapso nos serviços de saúde. Em consequência, a manutenção e tratamento regular de diversas doenças, entre elas o câncer de mama, foram afetados. Objetivo: analisar se a pandemia da COVID-19 repercutiu no rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer de mama. Método: O estudo foi do tipo retrospectivo, transversal, de abordagem quantitativa, com utilização de dados secundários obtidos do DATASUS. Foi realizada análise comparativa do volume de exames de janeiro a dezembro de 2018, 2019, 2020, 2021 e períodos pré-pandemia (2018-2019) e pandêmico (2020-2021). Utilizou-se para análise de dados, o programa Bioestat com aplicação do teste Qui-quadrado e teste G. Resultados: Na relação do biênio 2019-2020 observou-se menor quantitativo de exames de rastreamento e diagnósticos realizados no ano de 2020. Na relação dos períodos, em virtude da retomada da realização de exames no ano de 2021, constatou-se no período pandêmico maior quantitativo de mamografias de rastreamento (+3,68%), citológicos, histológicos e menor registro de mamografias diagnósticas (-38,7%). Exames de rastreamento e diagnósticos, assim como tratamento, foram mais frequentes nos grupos etários de 50 a 59 anos de idade, seguido do grupo de 60 a 69 anos. O intervalo de tempo para realização dos exames foi >30 dias para mamografia diagnóstica e até 30 dias para rastreamento, no tempo em que os procedimentos de PAFFS (89,8%) e histológicos (70,1%) foram realizados em até 30 dias. O tempo para início de tratamento observado foi maior que 60 dias, com maior número de casos tratados no período da pandemia. Conclusão: Embora a variação percentual, aqui apresentada, do quantitativo de exames registrados tenha sido discreta, infere-se que a pandemia da covid-19 interferiu parcialmente nas ações de controle do câncer de mama no estado do Pará, provocando atrasos nos diagnósticos e tratamento. Os efeitos da covid-19 só serão possivelmente observados a longo prazo devendo-se, portanto, realizar estudos que permeiem a elaboração de estratégias que preparem os serviços de saúde para um futuro estado de emergência sanitária, de forma a amenizar maiores impactos na saúde da população.