Indicadores Epidemiológicos; Infecção Hospitalar; Vigilância Sanitária; Enfermagem.
O termo Infecção Hospitalar (IH) vem sendo substituído por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) por alcançar as infecções que o paciente está sujeito a adquirir em outros serviços de saúde, além dos hospitais. A IH/IRAS tem mais incidência nas unidades de terapia intensiva (UTI). As falhas nos processos de esterilização de materiais, a ausência de padronização dos antimicrobianos e as falhas na técnica de higienização das mãos são alguns fatores que contribuem para a aquisição de infecções, resultando no aumento da morbimortalidade, no aumento do tempo de internação e na elevação dos custos assistenciais. No que diz respeito à legislação, a Lei Federal nº 9.431/1997 tornou obrigatória para cada hospital a criação das comissões de controle de infecção hospitalar (CCIH) e a manutenção dos programas de prevenção e controle de infecções hospitalares (PCIH), como medidas para prevenir e controlar esse fenômeno. É competência da Vigilância Sanitária (VISA) a fiscalização das CCIH dos hospitais, realizada através de visita in loco e análise documental. Essas condutas permitem reunir informações epidemiológicas das IH/IRAS de cada hospital, gerando diversas taxas de infecções, assim como informações sobre os microrganismos que mais circulam nos ambientes hospitalares. O objetivo proposto foi descrever o perfil epidemiológico das IH/IRAS dos hospitais de Belém-PA sob a ótica da VISA, no período de 2011 a 2014. Trata-se de um estudo ecológico de série histórica com dados secundários, coletados do banco de dados do Departamento de Vigilância Sanitária de Belém-PA referentes às IH/IRAS notificadas por 32 hospitais, no período de 2011 a 2014. Os resultados demonstraram que 68,8% dos hospitais são privados; que 71,9% dos hospitais têm UTI e que 60,87% pertencem à rede privada. Quanto à atuação das CCIH, 56,2% dos hospitais têm CCIH e 43,8% não apresentam CCIH atuante. Em relação aos indicadores de infecção, a taxa de IH/IRAS se manteve em torno de 3,3%. A taxa de pacientes com infecção alcançou um índice de 2,7% em 2012 e nos demais anos manteve-se em aproximadamente 2,5%. Os óbitos por IH/IRAS tiveram sua maior alta em 2011, 14,3%. A infecção do trato respiratório foi a topografia de maior incidência, alcançando uma taxa de 24% em 2012. As infecções do trato urinário apresentaram taxas que variaram entre 14,2% e 17,6%. A corrente sanguínea foi mais uma topografia que apresentou taxas bastante significativas, variando entre 13,5% e 17,9%. As infecções cutâneas apresentaram taxas em queda (de 7,5% a 5,3%). As infecções intestinais demonstraram taxas que se mantiveram em torno de 5,7%. As infecções de sítio cirúrgico apresentaram taxas entre 0,9% e 1,0%. No caso das taxas de infecções em cirurgia limpa, houve um decréscimo no decorrer dos anos, o mesmo acontecendo com a taxa de sepse neonatal, que variou de 2,1% a 1,6%. A taxa de infecção em outras topografias se manteve na ordem dos 3,3%. Já as taxas de infecções recebidas de outros hospitais permearam os índices de aproximadamente 2,5%. Quanto aos microrganismos, o estudo demonstrou os patógenos que mais circularam nos ambientes hospitalares das espécies Pseudomonas aeruginosa encontradas em (96%) dos hospitais; Klebsiella pneumoniae, em (92%); Escherichias coli, os Staphylococcus aureus e os Staphylococcus epidermidis cada espécie foi encontrada em (80%) e Acinetobacter baumanni em (72%) dos hospitais. Candida albicans, Enterococcus aerogenes, Serratia Marcescens e Proteus mirabilis, Burkeholderia cepacia, Candida parapsylosis, Candida tropicalis e Enterococcus faecalis, circularam nos hospitais em proporções menores. Conclui-se que, um número significativo de hospitais em Belém não monitora adequadamente as ocorrências de IH/IRAS, pois a falta de CCIH atuante e consequentemente a ausência de implementação do programa de prevenção e controle de IH/IRAS em um hospital pode refletir em dados epidemiológicos não consistentes. Uma comissão atuante deve executar suas ações de forma sistematizada, orientadas para a redução da incidência das infecções. O hospital que não tem uma CCIH atuante não consegue apresentar indicadores que retratem sua realidade epidemiológica. Nesse sentido, observou-se a necessidade de uma ação mais incisiva da Vigilância Sanitária, alcançando todos os hospitais, a fim de avançar no processo de controle de infecção e melhoria dos indicadores. Esse tipo de ação contribuirá para que o órgão sanitário e os hospitais possam cumprir suas missões institucionais que é de “eliminar, diminuir e prevenir riscos e danos à saúde do paciente”.