COMPREENSÃO DE MULHERES TRABALHADORAS DO SEXO ACERCA DO AUTOCUIDADO SEXUAL E A PREVENÇÃO COMBINADA DO HIV
HIV; Autocuidado; Trabalhadoras do sexo; Comportamento de risco; Mulheres
Introdução: A Prevenção Combinada enquanto abordagem preventiva reconhecida e
utilizada em forma de mandala pelo Ministério da Saúde, consiste em um método que oferece
combinação de diferentes estratégias de prevenção, sendo elas: biomédicas, comportamentais
e socioestruturais, segundo as necessidades e contexto de cada usuário, priorizando
populações-chave, como as mulheres trabalhadoras do sexo (MTS). Ela possibilita ao
profissional lidar com a prevenção de forma mais ampla, com base nos contextos de
vida/vivências da sexualidade, ou seja, levando em consideração os comportamentos de risco
e vulnerabilidades sociais e econômicas. Objetivo: Analisar a compreensão de mulheres
trabalhadoras do sexo acerca do autocuidado sexual e a prevenção combinada do HIV.
Método: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, norteado pelo
checklist COREQ.A pesquisa ocorreu na boate locomotiva, em Belém/PA, com 45 mulheres
trabalhadoras do sexo, através do perfil sociodemográfico e da entrevista semiestruturada. As
entrevistas foram áudio-gravadas em Smartphone, com média de 06 minutos e 46 segundos,
posteriormente foram transcritas na íntegra, analisadas e interpretadas por meio da análise de
conteúdo temática de Bardin. Foi utilizado o Software IRAMUTEQ (Interface de R pour les
Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) para a análise de corpus
textual e o software BioEstat 5.0 para análise do perfil das participantes. A coleta de dados
ocorreu de outubro a dezembro de 2023. Resultados: Entre as entrevistadas, 66,6% se
autodeclararam heterossexual; 62,2% eram solteiras; 77,7% declararam possuir filhos; 66,6%
declararam não terem sofrido aborto. A idade da primeira relação sexual que prevaleceu foi
menor ou igual a 15 anos, contando com 68,8%; 60% referiram que não sofreram abuso
sexual; 48,8% iniciaram programa com idade menor ou igual a 20 anos; 53,3% trabalham de 3
a 5 dias por semana e 46,6% realizam de 3 a 5 programas por dia. Além disso, 62,2%
estudaram até o ensino médio e 53,3% possuem outra fonte de renda. A média da faixa etária
das MTS foi de 28.5 anos; a média de idade da primeira relação sexual foi de 15.1 anos. A
idade do primeiro programa teve média de 23.5 anos, sendo válido ressaltar que a idade
mínima apontou 14 (catorze) anos. Utilizou-se três análises geradas pelo IRAMUTEQ: nuvem
de palavras, análise de similitude e Classificação Hierárquica Descendente (CHD). Obteve-seseis classes, as quais originaram quatro categorias:Sexualidade como opção, ato e
comportamento de risco; Infecções sexualmente transmissíveis e o processo saúde-doença;
Gestão do autocuidado: autonomia, prevenção e desconstrução; Práticas sexuais e o
(des)conhecimento acerca das medidas preventivas no combate ao HIV. Conclusão: O
estudo mostrou que a gestão do autocuidado vai além de somente buscar atendimento em
casos de urgência e emergência. A atividade profissional exercida não pode por si só ser
tomada como a maior causa de vulnerabilidade à obtenção de doenças. É preciso ampliar as
estratégias e trabalhar em conjunto com elas, a fim de associar as maneiras de cuidado que
elas já utilizam com outras medidas biopsicossociais, que ultrapassam o modelo biomédico,
mecanicista e hegemônico.