UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS BIOMOLECULARES, BIOQUÍMICAS E CITOLÓGICAS PARA AFERIÇÃO DE SEGURABILIDADE E USABILIDADE DE FRAÇÕES OBTIDAS POR FLUÍDO EM ESTADO SUPERCRÍTICO DE FRUTOS DO MURUCI (Byrsonima crassifolia)
Amazônia. Citogenotoxicidade. Mutagenicidade. Nutracêutico.
A Amazônia detém a maior biodiversidade do planeta e, neste contexto, abriga diversas espécies vegetais que sintetizam biomoléculas que podem ser úteis para a espécie humana e o bem comum. A espécie vegetal Byrsonima crassifolia, conhecida popularmente como “muruci/murici” é uma planta da família Malpighiaceae que possui ampla distribuição pelo território amazônico e seus frutos possuem alto teor de compostos fenólicos e ácidos graxos – moléculas estas que exibem diferentes atividades biológicas. A tecnologia de extração com fluido em estado supercrítico (FES) possibilita a obtenção de extratos puros, além de ser possível parametrizar as condições de extração para obtenção de moléculas com perfis químicos diferentes. Neste contexto, o objetivo desta pesquisa é investigar o perfil citogenotóxico e mutagênico das frações polar e apolar obtidas com FES dos frutos de B. crassifolia nas linhagens celulares ACP02 (adenocarcinoma gástrico) e MNP01 (mucosa gástrica normal) de origem estomacal. Para tal, foram utilizados o ensaio de colorimetria para avaliação citotóxica e possível efeito citoprotetor, eletroforese de célula única para avaliação de genotoxicidade e antigenotoxicidade e o teste de micronúcleos com bloqueio de citocinese para avalição de mutagenicidade. Como resultados foi observado que ambos extratos (polar e apolar) não exibem perfil citotóxico para as linhagens testadas; o efeito citoprotetor frente ao estresse por doxorrubicina (DOX) foi observado para a fração polar e, os dados apontam que o extrato apolar apresenta sinergia com a doxorrubicina, diminuindo a viabilidade celular da linhagem ACP02; foi percebido também que o aumento do tempo de exposição das células com o extrato polar aumenta a viabilidade celular frente ao estresse por DOX, enquanto que o extrato apolar diminui a viabilidade celular – achados estes a necessidade da célula em precisar de tempo para metabolizar as moléculas presentes nos extratos. Em relação a atividade genotóxica analisada com o ensaio cometa, primariamente não foi percebido atividade genotóxica. Portanto, as evidências sugerem um potencial uso da fração polar como nutracêuticos e/ou a incorporação deste extrato em dispositivos biotecnológicos; já a fração apolar poderá ser utilizada como adjuvante para profilaxia de neoplasias, por exemplo – sendo necessárias investigações refinadas para aferição do mecanismo de ação, bem como a extrapolação para modelos animais e posteriores ensaios clínicos.