“IDENTIFICAÇÃO MORFOLÓGICA E MOLECULAR DE CIANOBACTÉRIAS NÃO PRODUTORAS DE MICROCISTINAS ISOLADAS DE AMOSTRAS AMBIENTAIS DE MACAPÁ-AP”.
Cianobactérias. Identificação de cianobactérias. Microcistina.
As cianobactérias são um grupo de microrganismos procariontes, fotossintetizantes, que apresentam uma grande diversidade genética, morfológica, fisiológica e metabólica. Elas possuem metabolismo muito ativo, sendo que algumas são capazes de produzir toxinas. A presença de cianobactérias produtoras de toxinas nos corpos de água pode representar um sério risco a saúde pública. Dependendo das concentrações, as cianotoxinas podem causar envenenamento e até morte de animais e seres humanos, por isso é extremamente importante sua prevenção e controle. Este trabalho teve como primeiro objetivo a identificação de cianobactérias isoladas em dois importantes cursores de água do município de Macapá-AP: a Lagoa dos Índios, que é considerado um ambiente oligotrófico, e o Pesque e Pague da Fazendinha, no Igarapé da Fortaleza, que é um ambiente eutrófico. O segundo objetivo foi verificar nesses isolados a presença de genes que codificam a toxina microcistina bem como a identificação e quantificação do composto químico de microcistina. O isolamento e cultivo in vitro das cianobactérias foram realizados em meio BG-11. Para a identificação dos organismos foi realizada análise morfológica e molecular. As células foram concentradas e submetidas a extração de DNA genômico. O gene de rRNA 16S de cada isolado foi amplificado por Polimerase Chain Reaction (PCR) usando primers específicos, clonado e sequenciado. A detecção do gene mcyE, que se encontra no cluster gênico que codifica a toxina microcistina, também foi feita por PCR, com o uso de primers específicos. Para a quantificação de microcistinas, uma extração de compostos bioativos foi efetuada com metanol 75%, que é a metodologia preferencial para a extração de microcistina. A detecção da presença de cianotoxinas foi realizada pelo método de análise química High-Performance Liquid Chromatography (HPLC) com cartucho C-18. Os resultados mostraram que foram isoladas e identificadas treze linhagens pertencentes a sete gêneros distribuídos em três ordens diferentes: seis Limnothrix sp., uma Phormidium sp., uma Leptolyngbya boryana, uma Pantanalinema rosaneae, uma Starria zimbabweensis, da ordem Oscillatoriales; duas Chroococcidiopsis sp, da ordem Chroococcidiopsidales e uma Nostoc sp da ordem Nostocales. Destas, apenas uma linhagem de gênero Limnothrix apresentou amplificação do gene mcyE. Os resultados da análise em HPLC desta Limnothrix assim como para todos os outros isolados foi negativa para a expressão de microcistina, exceto para Nostoc sp. Esta última apresentou um espectro com dois picos, sendo que um dos picos sobrepôs o pico da microcistina-YR, porém o tempo de retenção não correspondeu a nenhum dos quatro padrões comerciais das variantes de microcistina testados (LR, YR, LA e RR). Sabendo-se que existem mais de 60 variantes desta toxina, estudos futuros com outros recursos analíticos podem contribuir para melhor caracterizar este metabólito. Ainda que os resultados deste trabalho tenham ficado em uma fase inicial de caracterização, ele teve sua relevância para estudos deste tipo na região amazônica, pois forneceu conhecimento sobre a diversidade de cianobactérias de uma região importante do estado do Amapá. Sabe-se que a região amazônica é a maior fonte de recurso hídrico do mundo e importantes contaminações por cianotoxinas em sua bacia hídrica pode ocasionar impactos ecológicos devastadores para os animais, inclusive o homem.