"CONSUMO DO COLESTEROL COMO PRINCIPAL FONTE DE CRESCIMENTO BACTERIANO ALTERANDO CONSTITUINTES DA PAREDE CELULAR DE Mycobacterium smegmatis".
Mycobacterium smegmatis; Lipídeos; Colesterol.
Diferentes espécies de Mycobacterium são agentes causadores de significativas doenças em seres humanos como, por exemplo, a tuberculose. Todas as micobactérias possuem uma complexa parede celular, distinta das demais bactérias, conferindo características físico-químicas exclusivas ao gênero Mycobacterium, protegendo-o contra o sistema imune e entrada de muitos antibióticos. Durante a infecção, o bacilo é capaz de se adaptar ao ambiente inóspito, nutrindo-se de fontes lipídicas alternativas, principalmente o colesterol, da própria célula hospedeira (macrófagos). Este perfil nutricional tem sido considerado essencial para a divisão bacilar e consecutivamente progressão da doença.Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo avaliar em Mycobacterium smegmatis(saprofítica) a modulação da biossíntese dos constituintes bioativos da parede celular após o consumo de colesterol como fonte principal de energia e carbono durante o cultivo in vitro. Como resultado, utilizando a espécie saprofítica Mycobacterium smegmatis, verificamos que a adaptação do bacilo ao microambiente de escassez nutricional (cultivo em Meio Mínimo – MM) manteve a biossíntese e o acúmulo de constituintes essenciais da parede celular, como Fosfatidilinositolmanosídeos (PIMs) e Fosfatidilinositol (PI), além de outros fosfolipídos (Cardiolipina (CL) e Fosfatidiletanolamina (PE), somente quando o crescimento in vitro ocorre na presença de alguma fonte de carbono e energia (glicerol e/ou colesterol)). Diferentemente a esse resultado, o a-ácido micólico, o micolato mais presente na parede celular de micobactérias, apresentou acúmulo comprometido em meio MM, independente da presença ou ausência de fontes de energia e carbono, resultados similares foram encontrados para trealose dimicolato. Por outro lado, a biossíntese de Glicopeptideolipídios permaneceu sem alterações expressivas. Estes resultados juntamente com os resultados referentes às propriededades físico-químicas da parede celular do bacilo, tais como: a hidrofobicidade da parede celular, coloração álcool-ácido e susceptibilidade a antibioticos, mostram que o uso de colesterol como fonte principal de carbono e energia in vitro, é capaz de mudar a fisiologia e consecutivamente altera alguns constituintes essenciais à integridade da parede celular de micobactérias, como o trealose dimicolato e ácidos micólicos que estão diretamente ligados à virulência do bacilo, sugerindo deste modo, que tais modificações possam também ocorrer durante a infecção até o desenvolvimento da doença propriamente dita.