GENTE QUE CURA, GENTE QUE PLANTA: SABERES E CONFLITOS ENTRE OS TENETEHAR-TEMBÉ E OS ÓRGÃOS INDIGENISTAS
Plantas medicinais, saberes tradicionais, territorialidades
Este estudo tem por objetivo investigar os conflitos e resistências entre os saberes de cuidado e cura com plantas medicinais entre os Tenetehar-Tembé (Terra Indígena do Alto Rio Guamá) e as práticas de saúde do Subsistema de Saúde Indígena implantadas nas aldeias Sede e Ytwuaçu, descrevendo a relação saúde e doença e as práticas de cuidado com o corpo, sobretudo, em festas e rituais, documentando como os sujeitos classificam e atribuem importância cultural as etnoespécies medicinais. Essa pesquisa se ampara em dados qualitativos oferecidos pela perspectiva da antropologia e da etnobiologia, favorecendo uma discussão interdisciplinar. Relaciona as plantas medicinais ligadas aos fatores que compõem a sociocosmologia do grupo e a interação sobrenatural que cerca o território da TIARG, compondo as práticas xamânicas e o poder das plantas no reestabelecimento da saúde e na produção da pessoa Tembé. Nesse sentido, o estudo etnobotânico das plantas medicinais entre populações indígenas na Amazônia, que classificam a partir das relações de cuidado com o corpo e espiritualidade, entrelaçadas às questões territoriais, possibilita a construção de diálogos entre as ciências, situando-se na fronteira entre antropologia e botânica, possibilitando uma análise mútua entre o cultural, o botânico e o simbólico.