REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE AGRICULTORES SOBRE OS PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO E AS IMPLICAÇÕES NOS MODOS DE VIDA E PRODUÇÃO DO SUJEITO DO CAMPO AMAZÔNIDA BRAGANTINA
Palavras-chave: Agricultura familiar; Desenvolvimento; Representações Sociais; Modos de Vida; Produção.
O presente estudo analisa o processo de construção das representações sociais dos agricultores, sobre agricultura familiar e as implicações nos modos de vida e produção em Bragança, nordeste paraense. A pesquisa tem como referencial teórico metodológico a Teoria das Representações Sociais (TRS), no campo processual de Jodelet (2001) e Serge Moscovici (1978). Para alcançar as representações propostas nesse estudo seguimos os suportes indicativos de Jodelet (2001), sintetizados nas seguintes formulações: Quem sabe? O que sabe? e Quais efeitos? Estes suportes fomentaram as dimensões e estruturas do campo de análise do presente estudo. Assim, para atender os objetivos propostos, a coleta dos dados desenvolveu-se em duas etapas: levantamento documental (realizado na Cúria Diocesana de Bragança e no escritório da Cáritas Diocesana de Bragança) e entrevista semiestruturada com 10 agricultores familiares da Feira do Agricultor Familiar de Bragança-PA. Dentro da estrutura analítica de Jodelet, para identificar as objetivações e ancoragens extraídas das falas dos sujeitos e dos documentos analisados, foi utilizado a análise do discurso à luz dos conceitos de Lefebvre e Lefebvre. Os resultados possibilitam aferir que esses sujeitos construíram sua identidade enquanto agricultor familiar por meio dos seguintes processos: transmissões geracionais, segmento profissional, processos formativos institucionalizados (formal e informal) e lugar de comercialização. Eles representam a agricultura familiar como trabalho constituído, exclusivamente, pelos próprios membros da família. Dentro do contexto bragantino, ainda utilizam-se da força humana para labutar, baixa complexidade tecnológica, demandam por políticas públicas e assistência efetiva. Eles também representam a agricultura familiar como prática que garante a manutenção de suas progênies e dos recursos naturais. Paralelamente, as imagens e o sentido constituídos por estes sujeitos legitimaram atitudes nos seus modos de produção como: retirar da natureza, primeiramente, recursos para sobrevivência familiar e, consequentemente, o da comercialização, evitando o desperdício; plantar sem a utilização de agrotóxicos e criar animais sem o uso de produtos químicos. Em relação ao modo de vida, o trabalho é visto como prazeroso, pois possuem autonomia, trabalham em meio à natureza e gerenciam o tempo de trabalho, do mesmo modo que plantam, colhem, consomem e vendem produtos orgânicos produzidos por eles próprios, o que proporciona cuidado e valorização da vida.