PRÁTICAS ALIMENTARES E FABRICAÇÃO DO CORPO NO RITUAL DA FESTA DA MOÇA NA ALDEIA YTAPUTYR DA TERRA INDÍGENA ALTO RIO GUAMÁ
Práticas culturais. Festa da Moça. Cosmologia Tembé. Alimentação. Corporeidade.
Esta pesquisa aborda as práticas alimentares e a fabricação do corpo no ritual da Festa da Moça
na Aldeia Ytaputyr, da Terra Indígena Alto Rio Guamá. O rito constitui-se de um conjunto de
práticas culturais imbricado de simbologias e códigos que unificam corpo e espírito com
especial destaque para as moças que assumem o protagonismo no evento. As iniciadas e
iniciados são submetidos a procedimentos intencionais de manipulação, uso e consumo de
alimentos necessários à construção e afirmação de uma nova identidade, a partir da
subordinação de regras, interditos e tabus ao longo das fases rituais. Os corpos são atravessados
por lógicas cosmológicas fundamentadas na tradição ancestral e respeito a animais e vegetais
coletados da floresta para fazer remédios/purang. O porco queixada, o macaco guariba, o
mutum, o inambu, a fibra do tawari e o jenipapo atuam física e espiritualmente sobre a
fabricação corporal das meninas e meninos em concordância com os escritos de Levi-Strauss
(1964; 1968) e Rodrigues (1979). O objetivo é analisar como as práticas alimentares
determinam a fabricação do corpo no Ritual da Festa do Moqueado na Aldeia Ytaputyr. Para
tanto, a pesquisa segue a perspectiva etnográfica alinhada aos escritos de Collier Jr (1973) e
Achutti (1997) como aporte metodológico relacionado a conceitos da antropologia visual para
visibilizar imageticamente partes do rito colhidos por meio da observação participante em
conformidade com a etnometodologia. Constatamos que a Festa da Moça ou Festa do
Moqueado, conserva suas forças místicas a cada edição realizada e instiga concepções
antropológicas variadas pela riqueza simbólica e pontos de vistas analíticos que se harmonizam
e se opõem pela multiplicidade de significados embutidos em cada ato executado na ramada.