AMAZÔNIA CINZA: AS NARRATIVAS ORAIS DO MITO DO ATAÍDE NAS ENTRANHAS DOS MANGUEZAIS BRAGANTINOS
Ataíde. Mito. Memórias. Narrativas Orais
A presente dissertação propõe-se a realizar análises e reflexões, partindo da figura mitológica do Ataíde, o encantado que habita os manguezais de Taperaçu-Porto em Bragança/PA. Do universo que circunda o Ataíde emergem comportamentos e discursos que interferem nas vidas dos moradores e dão sinais de como eles interagem e fazem suas leituras do mundo ao qual pertencem. Busca-se, então, evidenciar quais são esses comportamentos e discursos e compreender sua relação com o mito e com as dinâmicas sociais na comunidade estudada. O trabalho é fundamentado na coleta de narrativas através da observação participante junto aos narradores, seguindo um procedimento de pesquisa de caráter etnográfico, por meio do qual foi possível adentrar no seio do grupo e perceber as dimensões que orientam as interpretações do que advêm da presença ímpar do Ataíde nas suas paisagens de pertencimento, tais como a função que este mito tem para a comunidade, bem como as formas como são traduzidas as questões do negro, da mulher e da homossexualidade naquele contexto, e como os temas intrínsecos ao mito são considerados proibidos para as crianças da vila. Os encaminhamentos teóricos que conduziram este trabalho são assentados em Eliade (1972 ) e (1992), Bachelard (1988) e (1997), Bosi (1994) e Eckert e Rocha (2001), que orientam o olhar sobre temas como mito, paisagem, memória e imagem. O Ataíde, portanto, integra-se à comunidade entrelaçando-se à vida e às vivências materiais e imateriais das pessoas de Taperaçu-Porto