PROCESSOS CULTURAIS E IDENTIFICATÓRIOS: um olhar sobre os rezadores de ladainha das comunidades ribeirinhas quilombolas Genipaúba e Alto Itacuruçá, em Abaetetuba-PA
ladainha; cultura; processos identificatórios; narrativas orais; memória.
O cenário amazônico é rodeado de indivíduos detentores de saberes e praticantes de variadas manifestações que fazem parte de seu repertório cultural. Esses sujeitos possuem uma diversidade cultural muito significativa, e realizam manifestações que já existem e resistem há séculos. Dentre essas manifestações, que são realizadas e perpassadas adiante por meio da oralidade, estão as ladainhas. Assim, o objeto de estudo escolhido são as narrativas orais dos rezadores de ladainha do município de Abaetetuba-Pa. Especificamente, os rezadores do Rio Genipaúba e Alto Itacuruçá, duas comunidades que, além de ribeirinhas, também são remanescentes de quilombos. A presente pesquisa tem como objetivo, compreender a ladainha como parte dos processos identificatórios e culturais dos rezadores das comunidades ribeirinhas quilombolas Genipaúba e Alto Itacuruçá. A mesma faz parte do programa em Linguagens e Saberes da Amazônia, dentro da linha de pesquisa Narrativas, Memórias e Imagens na Amazônia e tem caráter interdisciplinar. Utilizou-se, portanto, como referencial teórico, os pressupostos de Stuart Hall (2006), Bauman (2012), Maués (1995), Jelin (2001), Benjamin (1994), entre outros. As técnicas de pesquisa utilizadas são: pesquisa descritiva, utilizando-se de fragmentos das falas dos rezadores; e pesquisa de campo, com aplicação de entrevistas semiestruturadas, que ocorreram na residência dos seis rezadores entrevistados. Fazendo uso da história oral como método de pesquisa, para enfatizar o uso da memória como fonte de pesquisa do passado vivido pelos rezadores de ladainha e analisar cenas vividas por eles desde que aprenderam a rezar essa manifestação. Dentre as considerações, destaca-se que os rezadores, por meio de suas narrativas orais, compreendem a ladainha como parte dos seus processos culturais e identificatórios, além dessa manifestação ser considerada um patrimônio imaterial dentro dessas comunidades. As memórias e narrativas desses rezadores também possibilitaram conhecer suas experiências individuais e coletivas. Esse ritual também fortalece as relações sociais e os laços que os membros dessas comunidades estabelecem diariamente.