NARRATIVAS ORAIS DE MULHERES PRETAS E QUILOMBOLAS SOBRE O EMPODERAMENTO FEMININO NEGRO NO SINDICATO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS DE CAMETÁ-PA
Mulheres Pretas. Mulheres Quilombolas. Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Empoderamento Negro. Feminismo Negro.
Este estudo analisa o Empoderamento Feminino Negro nas narrativas orais de mulheres pretas e quilombolas no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Cametá-PA. Problematiza o lugar que a mulher preta e quilombola ocupa nesse Sindicato frente ao contexto histórico majoritariamente masculino. A pesquisa baseia-se na Teoria da Filosofia da Linguagem em Bakhtin considerando os gêneros do discurso e no Método da Interseccionalidade com base em Collins (2021) e Akotirene (2020). O referencial teórico para as discussões sobre Feminismo e Empoderamento Negro baseiam-se em bell hooks (2020), Ribeiro (2021), Gonzalez (2020), Kilomba (2019), Lerner (2019), Carneiro (2011), entre outras. Para a incursão sobre o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais dialogamos com Fiel (2014). Metodologicamente o estudo é de abordagem qualitativa a partir das narrativas orais com 04 (quatro) mulheres pretas e quilombolas que atuaram como membras associadas no STTR de Cametá-PA por mais de 20 anos. Nesse estudo utiliza-se a análise do discurso em Bakhtin a partir do conceito de enunciação. Os resultados revelam que essas mulheres foram pioneiras na luta pelo empoderamento no STTR, lutaram para ocupar seus lugares de fala e atuação nesse espaço histórico de predominância masculina que silencia, mesmo elas ocupando lugares de poder (delegadas e Vice-presidenta do STTR), sofreram racismo, preconceito e discriminação, tendo o lugar de fala oprimido pelas vozes de homens que até então eram os únicos a ocupar lugares de privilégio na Instituição. Concluímos que nas narrativas orais de mulheres pretas e quilombolas, o empoderamento feminino negro ocorre por meio de um movimento de lutas e resistências de mulheres pretas e quilombolas pelos seus direitos e visibilidade, um processo político, geracional, identitário, demarcado por uma rede de proteção familiar e comunitária entre as mulheres do Sindicato, quilombolas, religiosas e trabalhadoras rurais, que mesmo tendo suas trajetórias no STTR influenciadas pelas relações interseccionais de raça, gênero e classe que interagem entre si modificando a maneira como essas mulheres experienciam a vida, ainda assim ocuparam os espaços que lhes foram historicamente negados pelo racismo, machismo e pela herança patriarcal.