“MEU ROMANCE É UM ROMANCE POLÍTICO”: INTENCIONALIDADES E INQUIETAÇÕES DE DALCÍDIO JURANDIR EM PONTE DO GALO
Aspectos políticos. Dalcídio Jurandir. Ponte do Galo.
Sétimo livro do Ciclo do Extremo Norte– constituído por 10 romances –, Ponte do Galo (1971), do escritor paraense Dalcídio Jurandir, dá continuidade a saga do menino Alfredo narrando, precisamente, o seu transitar e habitar entre as terras do Marajó e Belém do Pará. Nesse romance, Dalcídio Jurandir expressa, por meio da trajetória de Alfredo, o entrecruzamento e a interligação entre esses dois espaços, possibilitando diversas reflexões sobre a situação da Amazônia nesses ambientes, por meio das identidades, dos diálogos, das vivências e convivências de relações sociais e culturais construídas por seus personagens. Diante disso, e sendo o escritor paraense engajado político e socialmente, intenta-se nesta pesquisa analisar os aspectos políticos contidos em Ponte do Galo, tendo no termo “político” o seu sentido mais amplo, que aborda problemas sociais e os denuncia, assim como o faz Jurandir no romance em questão. Busca-se não essencialmente encontrar respostas, mas levantar questões e problematizar a situação da Amazônia que é exposta pelo romancista, sendo esta a do declínio do Ciclo da Borracha na região. Assim, a fim de estabelecer os diálogos que fazem-se pertinentes neste trabalho, sendo o da Literatura com outras áreas do conhecimento, como História, Antropologia e Sociologia, parte-se então da Literatura Comparada como abordagem de investigação, especialmente por seu caráter interdisciplinar e intertextual (CARVALHAL, 2006; MACHADO; PAGEAUX, 2001), bem como faz-se uso também da Sociologia da Literatura (CANDIDO, 2006; SAPIRO, 2019) como metodologia, partindo da relação entre as condições de produção da obra e as influências sociais e políticas do escritor, como é o caso desta pesquisa.