ENTRE ILHAS E PRAIAS: MEMÓRIAS, IDENTIDADE E MULTITERRITORIALIDADE DO MARETÓRIO DE URUMAJÓ (AUGUSTO CORRÊA, PA).
Multiterritorialidade; Maretório; Pesca Artesanal; Identidade e Memórias.
Este trabalho apresenta as multiterritorialidades tecidas a partir das memórias de praieiros do maretório da Costa de Urumajó descrevendo os aspectos socioeconômicos, culturais e ambientais da pesca artesanal. Com isso, a pesquisa se norteia pela seguinte pergunta: Como se dá a relação identitária de pertencimento dos praieiros do maretório da costa de Urumajó, a partir das suas multiterritorialidades? A partir desse contexto, o estudo que teve como lócus a comunidade de Perimirim em Augusto Corrêa-Pará tem como objetivo principal identificar e apresentar de que modo a identidade de praieiro é formada na dinâmica espaço e tempo no contexto das multiterritorialidades no maretório. Para tanto, este teve como perspectiva metodológica o método histórico com uma abordagem fenomenológica que é defendido por Marconi e Lakatos. Para a coleta de informação usei a técnica de História de Vida (HV) de Bauer e Gaskell com uso a partir das memórias do tempo em que os praieiros ocuparam o maretório, principalmente a praia de Coroa Comprida e logo na mudança para Perimirim. Foram entrevistados quatro praieiros experientes a partir da amostragem do tipo snowball, e assim analisou-se o cotidiano e o meio de vida dos praieiros principalmente suas mobilidades geográficas para a pesca. A pesquisa mostra que as práticas artesanais de pesca sofrem influências tecnológicas, e aos poucos as técnicas empíricas da atividade ainda vivenciadas na comunidade como as de curral e espinhel são esquecidas pelas novas gerações. Essas características podem ser percebidas a partir de falas dos praieiros interlocutores da pesquisa, mesmos que esses ainda possuam o sentimento de pertencimento sobre as praias e ilhas que habitavam antes, mais que atualmente usam para desenvolvimento da atividade da pesca e como apoio para os pesqueiros próximos. No mais, símbolos como o “nome praieiro”, a transgeracionalidade, o compadrio, a pescaria, o conhecimento tradicional pesqueiro, a salga, a marretagem, a religiosidade, as embarcações e a mulher praieira tornam vivas uma identidade do “ser praieiro” com multiterritorialidade, e realçam a tradicional cultura praieira trazendo na sua configuração a identidade do pescador local formada em múltiplos territórios.