A temática desta pesquisa analisa as narrativas de mulheres marisqueiras da comunidade pesqueira do Castelo a respeito da prática artesanal a partir do curso de qualificação profissional, buscando saber quais são as experiências formativas de mulheres marisqueiras no contexto da prática artesanal da comunidade do Castelo na Amazônia Bragantina a partir do projeto ofertado pela Universidade Federal do Pará, destacando o processo de transformação dessa ação no modo de vida e do trabalho produtivo de mulheres marisqueiras? Partindo da ideia de como atividades projetadas por instituições alheias as comunidades interferem na forma de organização social e nos costumes tradicionais dessas comunidades. Para responder as questões norteadoras da pesquisa, elegemos os objetivos. De modo geral analisar as mudanças ocorridas a partir do curso de artesanato, para compreensão das relações de gênero, divisão sexual do trabalho nas atividades desenvolvidas pelas mulheres marisqueiras da comunidade do Castelo e identificar se as produções dos artesanatos modificaram a realidade sociocultural da comunidade visando compreender o processo produtivo nas relações de trabalho e gênero; especificar as atividades desenvolvidas por homens e mulheres na Comunidade do Castelo ressaltando o processo da divisão social e sexual do trabalho que configuram- se na localidade; refletir sobre as narrativas apresentadas pelos participantes para confirmação das relações de gênero presentes nas atividades das mulheres marisqueiras. Teoricamente o estudo assume um concepção de trabalho como modos de vida e de organização da vida social de modo coletivo tomando como base a teoria marxista e de gênero como construção social. A pesquisa é de abordagem qualitativa, do tipo etnográfica e direcionada para análise de três categorias principais como trabalho, gênero e mulheres marisqueiras. Para a geração de dados elegeu-se dois grupos: primeiro o das mulheres marisqueiras que participaram do curso de artesanatos feitos das escamas e couro do peixe, a entrevista aconteceu com quatro mulheres, que após a finalização do curso continuaram produzindo e vendendo o artesanato e no segundo grupo entra o esposa de uma dessas marisqueiras. A metodologia de roda de conversa no uso da técnica da entrevista também aconteceu durante a pesquisa. A entrevista em grupo, com a participação de quatro mulheres que tinham participado do curso de artesanato. Os resultados apontam que a partir do curso de artesanato feito, as mulheres marisqueiras passaram a serem protagonistas de um cenário de valorização nas relações de trabalho e gênero, tendo em vista que alcançou-se uma independência financeira em relação aos maridos que anteriormente eram quem efetivamente sustentavam suas famílias com os recursos adquiridos do trabalho com a pesca. Essa independência financeira das mulheres marisqueiras promoveu alterações na organização e na divisão sexual do trabalho entre homens e mulheres quanto as atividades no lar. Pois, estas mulheres passaram a serem as provedoras do sustento de suas famílias a partir da venda de seus artesanatos. O marido que foi entrevistado assume que em vários momentos quando a pesca estava difícil e escassa, ele foi sustentado financeiramente por sua esposa que passou a ganhar mais dinheiro que ele com a venda do artesanato feito por ela.