OS SABERES TRADICIONAIS E SUAS PRÁTICAS DE TRATAMENTOS REPRESENTADOS NO ROMANCE MARAJÓ (1947) DE DALCÍDIO JURANDIR
Dalcídio Jurandir, romance moderno, Ilha de Marajó, saúde, tratamentos tradicionais de doenças
O presente estudo aborda a questão da saúde, das doenças e dos tratamentos praticados com os recursos da medicina popular como representação de uma realidade no romance Marajó (1947) de Dalcídio Jurandir. A obra ficcional apresenta pelo enredo e pela atuação das personagens as razões do problema: a questão da má alimentação e as péssimas condições de moradia e trabalho das personagens que contraiam certas doenças. O romance descreve como os doentes procuravam os tratamentos por meio da medicina popular, pois, em nenhum momento é relatado a presença de agentes ou postos de saúde pública. O estudo propõe uma comparação dos tratamentos tradicionais, como descrito no romance, com o conhecimento das doenças na realidade do início do século XX. Percebe-se que os conhecimentos tradicionais são relatados e descritos no romance, como as crenças e o conhecimento de ervas que são praticados pelos agentes tradicionais do tratamento, pajés e curadores. As ervas, as crenças e a religiosidade não só são procuradas pelo povo, mas também pelos fazendeiros. O coronel Coutinho, pai da personagem principal, procura por tratamento de saúde fora da região, no estado de Minas Gerais, enquanto os empregados procuram ajuda no tratamento tradicional. A pesquisa comparativa confirma a ausência da saúde pública na Ilha de Marajó no tempo do romance.