Ética do Diálogo e a Vivência dos Sujeitos na Sociedade Neoliberal
Ética do Diálogo. Eu-Tu. Eu-Isso. Existência Fragilizada. Neoliberalismo.
O presente estudo tem como objetivo analisar a ética do diálogo proposta pelo filósofo judeu Martin Buber (1878-1965) como alternativa, para compreender a problemática das relações na sociedade neoliberal contemporânea, em sua obra principal intitulada Eu e Tu (1923), em que apresenta as duas palavras-princípios que fundamentam nossa existência e são inerentes à condição humana, a saber: o Eu-Tu e o Eu-Isso, o primeiro apresenta-se como um relacionamento dialógico, um encontro entre dois sujeitos mutualmente, em caráter ontológico e o segundo como um relacionamento monológico, baseado em experiências, utilização e o uso dos indivíduos como meros objetos, com um caráter objetivante. Diante disso, se o mundo do Isso predominar e orientar as formas dos homens relacionarem-se levam estes à perdição, pois tais homens perdem-se em seu interior. Nesse sentido, a problemática é que o sistema econômico vigente, que rege as normas de comportamento dos indivíduos em sociedade, corrobora para que o mundo do Isso preconizado por Buber torne-se cada vez mais presente na vida dos indivíduos, pois a vivência destes na era neoliberal está fragilizada, coisificada, em nome do capital que mantém seu sistema à custa de uma vivência dos sujeitos descaracterizada, onde os explora e instiga o sentimento de competição em detrimento da solidariedade e companheirismo, competição legitimada pelo próprio sistema que aprofunda o individualismo contemporâneo, onde os indivíduos perdem-se cada vez mais em seu interior e sucumbem socialmente. A sociedade neoliberal objetifica os sujeitos retirando sua humanidade, portanto, nossa hipótese é elucidar a necessidade de resgatar a dialogicidade das relações contemporâneas na era neoliberal, através de argumentos analíticos e teóricos, para demonstrar caminhos possíveis e resgatar a humanidade fragilizada.