A poesia de Safo de Lesbos e o Banquete de Platão: a relação entre eros e beleza
Eros. Beleza. Safo. Platão.
Em nossa pesquisa daremos enfoque no Banquete de Platão, e, em específico, ao
discurso de Sócrates (que não é entoado por ele, mas por Diotima de Mantineia).
A relação entre eros, ausência, desejo e beleza, e a dimensão do olhar como
ponto de partida para suscitar o erotismo na scala amoris, nos fez retornar ao
período arcaico, o mais remoto da Grécia Antiga, onde a conhecida Safo de
Lesbos cantava sobre vários temas, dentre eles, a dor e a angústia da separação,
fomentadas pelo poder erótico. Dentre os versos da poeta, daremos ênfase no
fragmento 16 e na análise da relação entre visão, beleza e desejo, pontuando, ao
mesmo tempo, tanto o diálogo com o material homérico como a ressignificação, as
diferenças que recaem não mais no universo masculino, do modo como se
concebe na épica, mas no feminino. Também pontuaremos a ausência, a
oscilação das imagens do passado, de quando a persona do fragmento poderia
observar a beleza de Anactória, e no quanto essas imagens do movimento
corporal e dos aspectos belos do rosto, ainda vivas na memória, suscitam o
desejo, no presente, de vê-la e admirá-la, em vez do poderio bélico da Lídia.
Tendo esses aspectos em vista, portanto, nos deteremos inicialmente na função e
na dimensão da poesia do período arcaico, assim como na imagem de Eros, tanto
em Homero, como em Safo, para somente após focarmos no Banquete e em que
sentido a recepção é feita pelo filósofo.